terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Epidemia


A Epidemia (The Crazies, 2010). Direção de Breck Eisner. Com Timothy Olyphant, Radha Mitchell, Joe Anderson, Danielle Panabaker, Christie Lynn Smith, Brett Rickaby.



Renato

A população de uma cidadezinha do estado do Iowa começa a viver um pesadelo quando, subitamente, cidadãos pacatos tornam-se homicidas enlouquecidos. O xerife é o primeiro a se dar conta da gravidade da situação, mas não consegue impedir que o caos se agrave de forma acelerada. A luta para sobreviver se torna mais difícil pelo fato de que as pessoas mais próximas a ele podem também estar contaminadas. Você certamente já viu esse filme antes.

A Epidemia é parente próximo de obras como Fim dos Tempos, Invasores de Corpos e um sem-número de filmes de mortos-vivos, pouco acrescentando a quem já viu algum destes títulos. O longa se desenrola até com alguma competência, mas sem ousar. Os personagens se limitam a ser apenas a mulher ou o subordinado do xerife, sem qualquer outro atrativo. O melhor fica por conta de algumas sequências de ação que funcionam bem, como um assassinato em série dentro de um complexo militar e uma violenta luta dentro de uma casa não tão abandonada. O pior é o final convencional e uma desnecessária sequência de explicações sobre a natureza do problema, em uma rodovia.

É curioso como alguns roteiristas parecem ter esquecido que o maior medo que alguém pode ter, normalmente, é daquilo que não conhece. Em 1968, quando George Romero brindou o cinema de horror dirigindo A Noite dos Mortos-Vivos, dispensou maiores explicações e deixou a imaginação do espectador trabalhar. Cinco anos depois, fez O Exército do Extermínio e pôs as cartas na mesa. Coincidência ou não, o longa não foi lá a maior obra da carreira do cineasta. Ao refilmar o obscuro clássico com este A Epidemia, o diretor Breck Eisner poderia ter se dado ao luxo de fazer diferente.

Nota: 5,0 (de dez)







quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sean Connery - 80 Anos





A chamada época de ouro de Hollywood vive em gente como Sean Connery. É possivelmente o intérprete preferido entre todos os que já deram vida ao agente James Bond. Participou do filme de guerra O Mais Longo dos Dias, com John Wayne. Atuou em uma das muitas obras-primas de Alfred Hitchcock, Marnie - Confissões de Uma Ladra. Fez par romântico com Audrey Hepburn em Robin e Marian. O termo envelhecer como vinho se aplica bem ao homem, que tornou-se pai do Indiana Jones e levou um Oscar de coadjuvante na pele de Jim Malone em bela atuação no espetacular Os Intocáveis. É verdade que ele vestiu uma roupa ridícula em Zardoz, mas todo mundo tem um podre.

É uma pena vê-lo aposentado das telonas, que perdem a elegância e a ironia fina do escocês de 80 anos. Mais lamentável ainda é saber que um ator deste calibre tem como derradeiro filme aquela atrocidade chamada A Liga Extraordinária. O sujeito merecia coisa melhor. Como parece que a aposentadoria é pra valer, o BF apresenta aqui 10 dos melhores filmes com Sean Connery.




O Nome da Rosa (The Name of Rose, Itália/França/Alemanha Ocidental, 1986). Direção de Jean-Jacques Annaud. Com Sean Connery, Christian Slater, Helmut Qualtinger, Elya Baskin, Ron Perlman, F. Murray Abraham. Um monge com extraordinárias habilidades detetivescas, acompanhado de um noviço, vão investigar uma série de mortes em um mosteiro italiano. Adaptação da obra de Umberto Eco.



Encontrando Forrester (Finding Forrester, EUA, 2000). Direção de Gus Van Sant. Com Sean Connery, Rob Brown, F. Murray Abraham, Anna Paquin, Busta Rhymes, Michael Pitt, Michael Nouri. Muitos apostavam que Connery finalmente ganharia seu primeiro Oscar de Melhor Ator por este drama sobre a amizade entre um premiado escritor e um talentoso estudante do Bronx. Frustração: Connery sequer foi indicado.

Os Intocáveis (The Untouchables, EUA, 1987) Direção de Brian DePalma. Com Kevin Costner, Sean Connery, Charles Martin Smith, Andy Garcia, Robert De Niro, Richard Bradford, Jack Kehoe, Brad Sullivan, Billy Drago, Patricia Clarkson. Obra-prima do maior discípulo de Hitchcock, Brian DePalma. O escocês conseguiu o único Oscar da carreira, na categoria Ator Coadjuvante, na pele de um policial veterano que serve de guru para Elliot Ness.



Marnie - Confissões de Uma Ladra (Marnie, EUA, 1964) Direção de Alfred Hitchcock. Com Tippi Hedren, Sean Connery, Diane Baker, Martin Gabel, Louise Latham. Connery se apaixona por uma cleptomaníaca e, mesmo sabendo o perigo que ela oferece, se empenha em desvendar o que está por trás do comportamento da mulher.

A Rocha (The Rock, EUA, 1996) Direção de Michael Bay. Com Sean Connery, Nicolas Cage, Ed Harris, John Spencer, David Morse, William Forsythe, Michael Biehn, Vanessa Marcil, John C. McGinley, Tony Todd, Claire Forlani. De longe, a melhor coisa já dirigida pelo desastroso Michael Bay. Sean Connery é um o único homem que conseguiu escapar de Alcatraz, o que o torna o mais habilitado para conduzir uma força-tarefa que precisa invadir o local, onde um militar rebelado mantém perigosas armas químicas e reféns.




Corações Apaixonados (Playing by Heart, Reino Unido/EUA, 1998). Direção de Willard Carroll. Sean Connery, Gena Rowlands, Angelina Jolie, Dennis Quaid, Ellen Burstyn, Gillian Anderson, Madeleine Stowe, Ryan Phillippe, Anthony Edwards, Jay Mohr, Michael Emerson. O astro e Gena Rowlands fazem um casal que passa a limpo o casamento de décadas em uma noite. Várias tramas paralelas envolvendo outros personagens vão desembocar em um encontro, meio na linha Simplesmente Amor.

007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No, Reino Unido, 1962) Direção de Terrence Young. Com Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Wiseman, Jack Lord, Bernard Lee. Se você desconsiderar uma obscura produção televisiva dos EUA, este será o primeiro filme desdicado ao agente 007, e o primeiro a apresentar o mais famoso intérprete.



O Homem Que Queria Ser Rei (The Man Who Would Be King, Reino Unido/EUA, 1975). Direção de John Huston. Com Sean Connery, Michael Caine, Christopher Plummer, Saeed Jaffrey, Doghmi Larbi. Connery e Michael Caine são dois ex-soldados britânicos que caem na mordomia quando um deles é confundido com uma divindade.

Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and the Last Crusade, EUA, 1989). Direção de Steven Spielberg. Harrison Ford, Sean Connery, Denholm Elliott, Alison Doody, John Rhys-Davies, Julian Glover, River Phoenix. Reza a lenda que Spielberg criou Indiana Jones por que não pode fazer filmes de James Bond. Daí chamar o mais notório intérprete do agente secreto para viver o pai do famoso arqueólogo. A química com Harrisson Ford é perfeita.

Robin e Marian (Robin and Marian, EUA, 1975). Direção de Richard Lester. Com Sean Connery, Audrey Hepburn, Robert Shaw, Richard Harris, Nicol Williamson, Denholm Elliott, Kenneth Haigh, Ian Holm. Uma versão mais madura do lendário herói das florestas de Sherwood, vale especialmente por ver Connery contracenar com uma das maiores damas da sétima arte, Audrey Hepburn.





quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Balada do Pistoleiro


Há exatos 15 anos, Antonio Banderas assumia o papel que estava com Carlos Gallardo em El Mariachi e armava um megatiroteio em um bar, na sequência A Balada do Pistoleiro. O diretor Robert Rodriguez lançava o longa-metragem nos Estados Unidos. O tempo passa rápido...

O trabalho tem todos os elementos típicos da carreira do cineasta. Personagens interessantes são propositadamente subaproveitados, a trilha é do grupo Los Lobos, o elenco é latino e a trama tem a profundidade de um pires. Entre um e outro tropeço, Desperado até diverte pela acerebração.






Cinema, Custo e Benefício



Infelizmente, a boa vontade em dar uma chance a um longametragem feito a toque de caixa nem sempre é recompensada. Tentei - e ainda tento - assistir um desses colossos que me atraiu pela idéia inusitada. A Terra do Tio Sam fez a segunda vinda de um Jesus Cristo cascagrossa que enfrenta as forças do mal à base da pancadaria. O título dispensa maiores comentários: Jesus Christ Vampíre Hunter.

Sinta o drama em apenas uma cena, em que o Nazareno encara uma horda de ateus.






Sempre desconfiei que os bons filmes trash são aqueles que não têm intensão de se enquadrar na categoria, nem exigem do espectador uma postura complacente. A sétima arte tem vários exemplos de realizações que compensaram dificuldades financeiras com soluções criativas e boas histórias. Um caso famoso é a estréia do cineasta Sam Raimi, o cultuado Evil Dead. Há bons sustos, câmera alucinante, humor sádico e um volume de sangue que nada fica a dever para um episódio de Cavaleiros do Zodíaco. Conquistou vários prêmios importantes do cinema de horror, duas sequências bacanas e até um musical. A legião de fãs do longa inclui o escritor Stephen King. Custou algo em torno de 200 mil dólares, arrecadados por empréstimos em bancos e com amigos e familiares do trio à frente do clássico, que inclui o produtor Robert Tapert e o ator Bruce Campbell.

Uma entrevista com Sam Raimi dava conta de que a escolha por fazer um filme de horror vinha da certeza de que, por pior que fosse, o longa seria exibido em alguma sala de cinema dos Estados Unidos. A repercussão pôs o cineasta em destaque e abriu caminho para uma carreira marcada por longas como Darkman e Arraste-Me Para o Inferno, além da trilogia do Homem-Aranha.




Vale lembrar ainda outra estréia modesta mas bem-sucedida, a de Robert Rodriguez. El Mariachi, filme de 1992, foi feito com módicos 7 mil dólares. A história em tom de faroeste macarrônico apresenta um músico que é confundido com um assasssino profissional. A trama é contada com bom humor, ritmo agil e enquadramentos criativos. Teve duas sequências estreladas por Antonio Banderas: A Balada do Pistoleiro e Era Uma Vez No México.




Impossível não citar A Bruxa de Blair, de 1999, considerado a melhor relação custo-benefício da história do cinema. Gastou 60 mil dólares e arrecadou mais 249 milhões em todo o mundo - graças, em boa medida, a uma jogada de marketing que soube aproveitar as potencialidades da internet, um feito não muito comum para a época. Os realizadores anunciaram o longa como se fosse um documentário de real sobre três jovens cineastas que desapareceram depois de tentar encontrar a tal bruxa.




Quanto ao Brasil, a onda de filmes de baixo custo não é exatamente uma novidade, embora, evidentemente, os títulos não consigam a mesma projeção. Um exemplo recente é Capital dos Mortos. A julgar pelo trailer, temos um longo caminho pela frente.





terça-feira, 24 de agosto de 2010

Coco Chanel & Igor Stravinsky


Coco Chanel & Igor Stravinsky (Chanel Coco & Igor Stravinsky, França, 2009). Direção de Jan Kounen. Com Anna Mouglalis, Mads Mikkelsen, Yelena Morozova, Natacha Lindinger, Grigori Manukov, Radivoje Bukvic.


Renato

A vida da estilista francesa Coco Chanel ganha as telas do cinema pela terceira vez em um espaço de três anos. Os trabalhos anteriores foram um telefilme estrelado por Shirley McClaine e o outro, mais famoso, teve à frente Audrey Tatou. Pessoas ilustres são candidatas naturais para cinebiografias, mas mesmo uma história de vida com elementos dramáticos interessantes pode não ganhar um filme à altura. Coco Chanel & Igor Stravinsky se enquadra nesta categoria.

Como o título já entrega, a produção dá conta de um suposto caso da artista com o notável músico Igor Stravinsky. Ele passa por dificuldades e Chanel, admiradora da obra do compositor russo, o convida a morar na própria casa na França com a mulher e os quatro filhos. A paixão entre os dois se instaura, mas o filme é morno. O melhor momento é justamente o menos explorado: o conflito que se estabelece entre a frágil esposa de Stravinsky e a toda-poderosa estilista. Interpretada com delicadeza por Yelena Morozova, Katarina é uma esposa resignada, que sofre pela notória falta de amor, condição ainda mais angustiante por ter como rival um monumento do universo feminino.

Anna Mouglalis lidera o elenco como uma Chanel sexy, segura, hedonista e por vezes cruel. Já Mads Mikkelsen, visto recentemente em Fúria de Titãs, compõe um Stravinsky extremamente contido, recurso  que acaba sendo excessivo e torna mais difícil para o espectador perceber momentos de grande frustração do personagem. De todo modo, o filme vale pela oportunidade de ver em cena a interpretação de um mestre da música que, em ocasiões anteriores, foi retratado pela sétima arte apenas em papéis coadjuvantes.

Nota: 6,0 (de dez)



domingo, 22 de agosto de 2010

River Phoenix - O Ator, A Música


Renato

A morte de um jovem talento costuma causar um angustiante exercício de achologia. É inevitável pensar no que aquela pessoa poderia ter sido, os filmes que teria feito, os prêmios que teria conquistado. Em se tratando de Hollywood, quando isso acontece, a comparação inevitável é com James Dean - foi assim, por exemplo, com Heath Ledger e até mesmo com Brandon Lee. Um antecedente, que faria 40 anos neste dia 23, é River Phoenix. Irmão mai velho de Joaquim Phoenix, morreu de overdose aos 23 anos.

É possível que muitos dos que já tem 30 anos ou mais o tenham visto sem ligar o filme à pessoa. Em 1985, foi o pequeno gênio que desenvolveu uma nave espacial em Viagem Ao Mundo dos Sonhos. Um ano depois, em Conta Comigo, clássico da Sessão da Tarde, interpretou um dos garotos que encara uma jornada de autoconhecimento ao procurar o corpo de um jovem desaparecido. Vieram alguns papéis menores em bons longas, como o integrante de uma equipe de espionagem comandada por Robert Redford no divertido Quebra de Sigilo e o jovem Indiana Jones no terceiro exemplar da série do arqueólogo aventureiro. O titular do personagem, Harrison Ford, foi quem sugeriu a Spielberg que contratasse River Phoenix.


A curta carreira rendeu dois grandes momentos ao ator. Um deles foi O Peso do Passado, em que foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante. O outro foi o drama Garotos de Programa, filme de Gus Van Sant em que contracena com Keanu Reeves, que se tornou um amigo.

Phoenix morreu em 31 de outubro de 1993 por causa de uma overdose, semanas antes de terminar o filme Dark Blood. Como muitas cenas importantes não haviam sido filmadas, o seu último longa-metragem não pôde ser lançado. Entre os trabalhos que não pôde assumir, estão Entrevista Com O Vampiro, no qual foi substituído por Christian Slater, e Eclipse de Uma Paixão, que ficou com Leonardo DiCaprio. O ator recebeu diversas homenagens em forma de canções de artistas como Rufus Wainwright e a banda R.E.M., mas um dos tributos foi ofertado ao astro ainda em vida. Milton Nascimento se emocionou ao ver o ator em A Costa do Mosquito, e escreveu uma canção para ele.




sábado, 21 de agosto de 2010

O Clube do Filme

Renato

Saber dar presentes é uma arte. Eu ainda estava triste pela morte de Christopher Reeve quando, em pleno aniversário, recebi o box com os três filmes do Superman estrelados por ele - o quarto, todos sabem, não conta. Pensei que ninguém jamais acertaria tanto em uma escolha. Obviamente, um bom amigo meu tinha que me provar que eu estava errado.

O Clube do Filme é baseado em uma história real. David Gilmour - não o músico, mas o escritor - é um pai divorciado que não está nos melhores dias. Apresenta um programa televisivo sobre documentários que anda mal de audiência e não enxerga luz no fim do túnel. Para piorar, ele começa a ter medo de que o filho adolescente se distancie dele. Jesse está com problemas diversos e já não tem ânimo para frequentar a escola. Passa a impressão de que o vínculo com o pai se resume a quem paga as contas de quem. Gilmour resolve então fazer uma manobra arriscada. O jovem está autorizado a não voltar para a escola, mas em troca, terá de assistir três filmes por semana com o pai. "Essa é toda a educação que você terá", diz David. A grade de aulas é bem ampla: reúne desde clássicos como Interlúdio, de Hitchcock, até Instinto Selvagem, aquele da cruzada de pernas.

O livro cativa sobretudo pelo tom confessional do autor, que põe uma lupa sobre os próprios medos e frustrações, especialmeente quando o assunto em questão é a delicada relação com o filho. Gilmour procura equilibrar cumplicidade com autoridade, e por vezes um ou outro filme acaba servindo como parte de um diálogo que eles não conseguem estabelecer. No processo, os dois fazem uma breve viagem pela história do cinema, e a tornam parte da própria história.



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Os Vampiros Que Se Mordam

Renato

O fenômeno da Saga Crepúsculo vai ganhar mais um filme - mas não se trata de um longa-metragem oficial. Quem sabe, a paródia valha a pena. O título brasileiro é uma tragédia.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Pequeno Nicolau


O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas, França/Bélgica, 2009). Direção de Laurent Tirard. Com Maxime Godart, Kad Merad, Sandrine Kiberlain, François-Xavier Demaison, Michel Duchaussoy, Daniel Prévost, Michel Galabru.


Renato

Um filme centrado nas peripécias da infância não pode abrir mão da qualidade do elenco-mirim. Este é o ponto forte de O Pequeno Nicolau, longa baseado na obra homônima de René Goscinny. Crianças talentosas conseguem passar a alegria, inocência e até um pouco da maldade própria da idade.

O personagem título é um garoto que se envolve em uma sucessão de mal-entendidos, que o fazem acreditar que será substituído por um irmãozinho que estaria para chegar. Para não perder o lugar conquistado no coração da mãe, ele começa a criar as mais variadas estratégias para impedir a vinda do caçula, e vai contar com o apoio de um grupo de colegas para executar o plano. A história é toda apresentada pela perspectiva do protagonista e apesar de ter uma mensagem a passar, faz isso sem cair na pieguice. Inclusive, a comédia, apesar do tom infantil, não hesita em usar estereótipos diversos para fazer piadas. Os integrantes do clubinho dos meninos incluem o gordo guloso, o C.D.F. dedoduro, e o, digamos, aluno menos brilhante da classe.

Cada elemento e personagem da trama são apresentados na tradição de filmes como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e o recente Mary and Max. A comparação é inevitável, já que a cena inicial tem edição rápida, textos ágeis, um tanto de sarcasmo e música agradabilíssima. Mas o longa tem méritos próprios ao correr do lugar comum das representações infantis. Um jeito estranho de fazer humor, hoje em dia, é dar uma roupagem adulta às crianças, criando graça na contradição que tem casos famosos na TV. Já esta produção ganha força ao retratar os pequenos como são, e no processo, mostrar quanta personalidade em estado bruto está presente naquela fase.

Nota: 7,0 (de dez)



terça-feira, 17 de agosto de 2010

Coleção Para Ele e Coleção para Ela

Imagine que você está em algum departamento de DVD e de repente pensa em dar uns filminhos pra pessoa amada. Mas pode ser que bata aquela indecisão... e de repende, pimba! Encontra dois boxes, de três títulos cada, cujo nome já diz tudo: Coleção Para Ele e Coleção Para Ela. Dá pra achar por R$ 29,90, quase 10 por título. Só faltava vir embrulhado pra presente.

É claro que não é bem assim. O que estas coleções fazem é apostar no estereótipo. Não que eles e elas não possam ter gostos diferentes. Uma cena muito bacana que ilustra isso está em Sintonia de Amor, quando homens e mulheres vão à lágrimas ao relembrar dos filmes mais marcantes, sendo que as emoções vem de longas distintos, mas igualmente importantes.





Estereótipos à parte,
o bom cinema, seja do tipo que for, pode vencer as barreiras, ao menos eventualmente. E é aí que estas coleções apresentam resultados bem distintos.

O box Para Ele tem, de cara, uma obra-prima de Brian De Palma, Os Intocáveis. Quatro Irmãos é um trabalho bastante competente de John Singleton, e talvez um dos melhores do cinema de ação do ano de 2005. Por fim, a coleção traz Uma Saída de Mestre, refilmagem de clássico filme de ladrões, Um Golpe à Italiana. Não é excelente, mas a produção caprichada e o elenco estrelado garantem bom divertimento.

Já a coleção Para Ela tem como o trabalho mais digno de nota o drama romântico Ghost - Do Outro Lado da Vida. É a história de um fantasma que não consegue ascender por ainda estar ligado à viúva. Depois, temos o dispensável Como Perder Um Homem em Dez Dias. A premissa é absurda, ainda que divertida: uma jornalista feminista precisa fazer um publicitário acabar com o relacionamento em dez dias, mesmo período em que ele precisa fazer a mulher se apaixonar por ele. A piada se desgasta rapidamente, e dá lugar aos velhos clichês do gênero. Por fim, vou evitar maiores comentários sobre o último título do box, E Se Fosse Verdade, história de um paisagista que se apaixona pelo fantasma da última proprietária do seu apartamento. Só vi algumas cenas e perdi a paciência.

A opinião de um homem sobre estes dois produtos certamente soaria tendenciosa. Assim, vamos dar uma espiada no IMDB, o onisciente banco de dados sobre cinema. Não que o site seja a voz da verdade, mas convido qualquer um a verificar as cotações dos usuários para cada título supracitado. Se você não quiser ter este trabalho de corno, não precisa. Estamos aqui pra isso.

A média das cotações de todos os filmes do primeiro box (7,23) é superior a do segundo (6,63). Poderia usar isso como uma evidência de que meu argumento é válido, "o Para Elas não presta", mas os homens votaram muito mais do que as mulheres, mesmo nas comédias românticas, o que compromete a estatística. Da mesma forma, não vamos nos deter ao grau de satisfação de cada box frente ao público-alvo - curiosamente, houve empate neste sentido, com a avaliação média dos filmes pelos homens (7,23) levemente maior que a das mulheres (7,2). Em vez de tudo isso, confira o grau de satisfação que elas teriam ao ver os filmes do box para eles, e vice-versa. Curiosamente, a coleção Para Eles fez mais sucesso entre elas! Média de 7,46, acima dos 7,2 da marmanjada. Já os títulos do box Para Elas tiveram pontuação de 6,63 para os homens, bem abaixo dos 7,2 da avaliação das garotas.

Nada contra alguém gostar de um filminho açucarado, mas a Paramount tem exemplares melhores deste tipo que poderiam estar na caixa. Algumas obras da companhia que respeitam o estereótipo incluem Titanic, Frankie & Johnny e vários clássicos com
a atriz Audrey Hepburn, a exemplo de Bonequinha de Luxo, Sabrina, e A Princesa e O Plebeu.

Trocando em miúdos: Se quiser presentear a pessoa amada com a caixa Para Ela, cuidado para não dormir quando for convidado a vê-los. Mas se for adquirir o box Para Ele, a noite vai ser boa. De tudo vai rolar.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Os Mercenários


Os Mercenários (The Expendables, EUA, 2010). Direção de Sylvester Stallone. Com Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Charisma Carpenter, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger.


Renato

A velhice tornou Stallone mais esperto. Os Mercenários poderia ser um puro espetáculo à base de testosterona, mas ele teve o senso de ridículo necessário para parodiar o gênero e a si mesmo. No processo, consegue despertar certa simpatia. Pena que o longa tenha problemas tão desnecessários.

O grande chamariz da produção, o elenco estrelado, é subaproveitado. Por vezes é um problema no roteiro, que não dá espaço, mas a direção e edição também comprometem. O mais prejudicado é Jet Li, conhecido pela performance acrobática ao lutar. Na cena mais relevante a contar com ele, os cortes são tão rápidos e os enquadramentos tão confusos que mal dá pra acompanhar o que se passa. Uma pena.

Já o vilão segue a receita do "antagonista da vez".
Nos anos 80, as escolhas se revezavam especialmente entre os alemães (Duro de Matar), vietnamitas (Braddock) e russos (Rambo 3 - O Resgate). Nos 90, com o conflito do Oriente Médio, os muçulmanos árabes ganharam a preferência das bazucas e metralhadoras do Tio Sam (True Lies). Agora, em tempos de Hugo Chávez, os ditadores da América Latina são a bola da vez. Um deles fará frente ao grupo paramilitar que tem Stallone como líder. A equipe aceita fazer um serviço em um país dominado com mão de ferro, mas as coisas dão errado e acabam fugindo. Em uma crise de consciência, o líder do grupo resolve retornar ao país para resgatar a garota que serviu de contato.

Stallone já planeja continuações. Tomara que no próximo, ele faça, pelo menos, um final menos excessivo. Tudo bem que haja tiroteios e explosões, mas o leitor que for conferir Os Mercenários deve se preparar para sentir os tímpanos reclamarem.

Nota: 5,0 (de dez)



domingo, 15 de agosto de 2010

Os 40 Discursos Mais Inspiradores do Cinema

Não é fácil encarar uma segunda-feira. Para ajudar na batalha nossa de cada dia, oferecemos este post de algo que até é antigo, mas sempre há a possibilidade de que alguém não tenha visto. É uma colagem de grandes discursos do cinema. A coisa já começa bem, com o famoso pronunciamento de William Wallace em Coração Valente. O vídeo parte então para outras cenas memoráveis.




Não consegui identificar todos, mas percebi edições de Street Fighter - O Filme, O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, Apollo 13, Rocky Balboa, Matrix Reloaded, Alexandre - O Grande, Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões, O Grande Ditador, Patton, Um Domingo Qualquer, Piratas do Caribe - No Fim do Mundo, 300, Tróia, Sociedade dos Poetas Mortos, Heróis Fora de Órbita, Os Intocáveis, Evil Dead 3, Henrique V, Pulp Fiction, Independence Day, Free Willy, Jamaica Abaixo de Zero, Spartacus, Os Goonies, Superman - O Filme, A História Sem Fim, Um Sonho de Liberdade e Curtindo a Vida Adoidado. E ainda falta um monte de outros...

Agradecimentos a Galdir Reges pela dica.



Ameaça Terrorista


Ameaça Terrorista (Unthinkable, EUA, 2010). Direção de Gregor Jordan. Com Samuel L. Jackson, Carrie-Anne Moss, Michael Sheen, Stephen Root, Lora Kojovic, Martin Donovan, Gil Bellows, Vincent Laresca, Brandon Routh.


Renato

Um filme lançado diretamente em DVD costumava ser alvo de desconfiança no Brasil. Normalmente, tratava-se de algum fracasso de bilheteria em telões de outros países, o que deixava em dúvida a qualidade da obra. Mas isso parece estar mudando. Guerra ao Terror, grande vencedor do Oscar em 2010, é apenas um exemplo mais famoso. Já Ameaça Terrorista pode não ter causado o mesmo alvoroço, mas é um excelente trabalho.

É a história de Steven Younger, um muçulmano que diz ter plantado três bombas nucleares nos Estados Unidos. Ele é capturado e o FBI tenta fazê-lo falar, mas o tempo é curto e o homem não cede à pressão. É quando entra em cena um profissional que vai usar as técnicas mais aberrantes para dobrar o suspeito. Uma agente do FBI vai se opor às torturas, mas o relógio está correndo. Até onde eles estão dispostos a seguir as convicções quando a vida de milhões de pessoas está em jogo?

O dilema central poderia ser colocado em uma dimensão maniqueísta, fazendo do torturador um vilão natural. Ou poderia fazer a felicidade da turma de Guantánamo, apresentando a agente idealista como uma figura ingênua. Em vez disso, a trama humaniza e valoriza as posições dos dois personagens principais sem forçar a barra. No processo, chama o espectador à responsabilidade involuntária de julgar os atos que tomam a tela. Afinal, a omissão não deixa de ser uma ação.

O elenco merece aplausos. Samuel L. Jackson faz o torturador e Anne-Moss, sem holofotes depois de Matrix, é a agente. Os dois têm ótimo desempenho, mas quem rouba todas as cenas é mesmo o formidável Michael Sheen, que na pele de Younger, nos entrega uma performance diferente de tudo o que já o vimos fazer. Difícil acreditar que é o mesmo ator que viveu o cerimonioso primeiro-ministro Tony Blair em A Rainha e o jornalista boêmio David Frost em Frost/Nixon.

Nota: 8,0 (de dez)



sábado, 14 de agosto de 2010

Shrek Para Sempre


Shrek Para Sempre (Shrek forever after, EUA, 2010). Dirigido por Mike Mitchell. Com vozes de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Julie Andrews, John Cleese.


Bee

Shrek foi uma das animações que mais me empolgaram no cinema. Sua mistura de excelente técnica aliada à subversão dos conceitos dos contos de fadas, humor inteligente e ácido e um herói bastante anti-heróico transformou este bem-sucedido projeto da Dreamworks num clássico instantâneo.

É uma pena que suas sequências não conseguiram manter a mesma qualidade, sofrendo a já conhecida síndrome das continuações, que nunca correspondem às expectativas de seu público.

Não é que os outros filmes da franquia tenham sido ruins, longe disso. Mas a meu ver nenhum teve o sabor do primeiro Shrek, e me questiono se não é uma cruz que quase sempre as contuações terão de carregar, já que falta a elas justamente o que os filmes pioneiros trazem: o mistério do desconhecido, da ambientação nova, dos personagens enigmáticos e imprevisíveis.

Shrek Para Sempre não escapa da síndrome, mas nem por isso deixa de ser boa diversão, e vale a ida ao cinema. Afinal, não é à toa que tanta gente assiste seriados - não nos cansamos necessariamente de uma história, se ela for bem contada e continuar nos trazendo elementos novos, expectativa e boas risadas ou qualquer outro sentimento que a trama nos faça sentir. Neste novo longa - que assisti dublado (por falta de opção) e em 3D (e sentindo falta da voz de Mike Myers e até do Bussunda), Shrek, cansado da caótica vida doméstica de ogro pacato e pai de família, consegue, através de um contrato com o dissimulado Rumpelstiltskin, viver novamente um dia de sua vida antiga. Só que o custo disso pode ser muito caro: sua própria existência.

Trazendo os já conhecidos elementos gráficos, personagens recorrentes e a tríade Shrek, Burro e Gato de Botas - estes dois últimos totalmente subvertidos na realidade alternativa em que se encontra aprisionado - nosso anti-herói precisa conquistar novamente o amor de Fiona para se libertar. E vai ser difícil, já que a mocinha (?) se tornou uma William Wallace de saias, e nesse contexto tudo pode acontecer. O roteiro é ágil e não enrola. O 3D não faz muita diferença, então se quiser economizar algum dinheiro, esteja à vontade.


Para assistir: Com os filhos - ou não - numa matinê de domingo.


Frase do filme: "Alimente-me, se for capaz!"



sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Chá com Almodóvar



O mundinho fashion do desáine sempre inventa alguma coisinha indispensável para você que é fã, colecionador ou simplesmente consumista.

O mais novo objeto de desejo dos cinéfilos é a coleção de seis xícaras baseadas nos filmes do consagrado cineasta espanhol Pedro Almodóvar. A Coleção Almodóvar - que vem com pratinhos combinando com cada xícara - traz arte baseada nos filmes
Ata-me, Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, De Salto Alto, A Flor do Meu Segredo, Má Educação e Volver.

Se alguém quiser me dar de presente eu aceito!!

E obrigada a Roll Biscaia pela informação.

Mais aqui.



Lista: 15 Filmes de Terror

Sexta-feira 13 não poderia render outra coisa. Pela primeira vez, os mentecaptos e mentecaptas do Blog - O Filme se reuniram para dar pitacos conjuntos - desta vez, sobre o que você deveria levar para uma sessão de filmes de horror.




1 - O Sexto Sentido (The Sixth Sense, EUA, 1999). Roteiro elegante e um final que foi como um tapa na cara do espectador. O filme deslanchou a carreira do diretor M. N. Shyamalan, e traz Bruce Willis como um psicólogo infantil que ajuda um menino capaz de falar com os mortos. A frase I See Dead People se tornou a 44º entre as cem melhores do cinema, de acordo com o American Film Institute.



2 - O Exorcista (The Exorcist, EUA, 1973). Talvez a sobriedade do filme de William Friedkin tenha dado a este clássico um tom de realismo que o tornou ainda mais perturbador. Max Von Sydow, o ator preferido de Ingmar Bergman, deixa o xadrez contra A Morte em O Sétimo Selo para encarar o próprio demônio. Ele interpreta um padre que tenta arrancar o tinhoso de uma menina de 12 anos. Primeiro longa-metragem de terror indicado ao Oscar de Melhor Filme.

3 - Poltergeist - O Fenômeno (Poltergeist, EUA, 1982). Tobe Hopper já era um diretor conhecido por O Massacre da Serra Elétrica quando filmou este filme sobre uma família assombrada por espíritos. Mas há quem diga que o cineasta estava tão chapado que o produtor, Steven Spielberg, acabou assumindo uma grande quantidade das cenas. Teve duas sequências e ganhou uma mórbida notoriedade pelo fato de que a cada longa-metragem, uma pessoa do elenco morreu. A última foi a pequena atriz principal.



4 - O Chamado (Ringu, Japão, 1998). Um dos trabalhos que consolidou o Japão como país produtor de bons filmes de horror. Uma repórter descobre que a exibição de uma misteriosa fita leva o espectador a morrer em sete dias. O trabalho ganhou uma refilmagem nos Estados Unidos, que é quase uma tradução do original, contendo praticamente a mesma sequência de cenas.

5 - A Bruxa de Blair (Blair Witch Project, EUA, 1999). Os filmes em primeira pessoa não eram exatamente uma novidade, mas este aqui adicionou um elemento importante: foi um dos mais bem-sucedidos mockumentários - a grosso modo, documentários de mentirinha. As imagens mostram três jovens que fazem um filme com uma câmera amadora sobre uma bruxa que estaria aterrorizando uma cidadezinha. É quando eles têm a péssima idéia de acampar na floresta pra tentar encontrar a dita cuja.

6 - Psicose (Psycho, EUA, 1960). Uma das mais conhecidas obras-primas do mestre Alfred Hitchcock, deixou os espectadores com o coração na mão ao matar um personagem importante ainda na primeira metade do filme. Anthony Perkins interpreta o dono de um hotel de beira de estrada que passa a se interessar por uma jovem não muito inocente. O rapaz é atormentado pela figura materna, sendo que um fato sinistro está por trás desta relação.



7 - O Iluminado (The Shining, Reino Unido/EUA, 1980). O filme de Stanley Kubrick ainda hoje é reverenciado por um sem-número de fãs. A trama mostra um escritor frustrado que aceita trabalhar como zelador em um enorme hotel, para onde se muda com a família. O autor do livro que deu origem ao filme, Stephen King, fez várias declarações de que o longa-metragem não segue a dinâmica da obra literária, sendo carregado pelo perfeccionismo e modus operandi do cineasta.

8 - REC (REC, Espanha, 2007). Lembrando o cinema em primeira pessoa de A Bruxa de Blair e Cloverfield, este trabalho mostra uma jornalista e seu cameraman às voltas com uma reportagem sobre um grupo de bombeiros. Eles acompanham sua rotina durante uma noite em que recebem um pedido de socorro, e chegam a um prédio onde coisas estranhas estão em curso.



9 - Extermínio (28 Days Later, Reino Unido, 2002). O diretor Danny Boyle faz uma releitura dos filmes de mortos-vivos de George Romero, transportando a trama em tom apocalíptico para uma Londres decadente. O filme trabalha com uma variação mais veloz de desmortos, os chamados zumbis 2.0, que são capazes de correr e dar mais trabalho aos mocinhos. Filmado em câmera digital.

10 - A Morte do Demônio (Evil Dead, EUA, 1981). Violento, sanguinolento, sádico e premiadíssimo. Cinco jovens chegam a uma casa isolada no meio de uma floresta e, sem querer, libertam uma poderosa força do mal. Estréia do cienasta Sam Raimi, que viria a ser o diretor da trilogia Homem-Aranha, mostra que a criatividade pode compensar a falta de grana. O escritor Stephen King é um dos fãs deste trabalho.



11 - Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, Reino Unido/EUA, 1981). É fantástico que, mesmo hoje, a cena da transformação do mocinho em sua contraparte lupina imponha tanto respeito. É uma sequência perturbadora que teve à frente o maquiador Rick Baker. Ponto alto da carreira do diretor John Landis, hoje um tanto sumido.

12 - A Mosca (The Fly, EUA, 1987). O martírio de um cientista que passa a lentamente se transformar em algo pavoroso. Pode parecer filme B, pode parecer Kafka, mas é Cronnenberg, ainda na sua fase de nojeiras.



13 - Coração Satânico (Angel Heart, EUA, 1987). Inusitado filme de terror noir. Mickey Rourke, muito antes de se brutalizar, estrela o longa-metragem como um detetive contratado por um Robert De Niro assustador para desvendar o paradeiro de um músico.

14 - Atividade Paranormal (Paranormal Activity, EUA, 2007). Mais um trabalho de horror em primeira pessoa que fez muito sucesso. Um casal passa a filmar os eventos estranhos em uma nova casa, incluindo o quarto onde dormem, para tentar descobrir com o que estão lidando.



15 - Sexta-Feira 13 (Friday The 13th, EUA, 1980). Há um ótima referência a este filme em uma das melhores cenas de Pânico. Um assassino misterioso faz uma pergunta-pegadinha sobre este que foi o primeiro longa a apresentar o pesadelo que espera pelos jovens libidinosos em Crystal Lake. Detalhe para um Kevin Bacon em começo de carreira.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Robert De Niro Collection e Coleção Robert De Niro

Enquanto alguns boxes de DVD's são montados para lesar o consumidor incauto, outros merecem ser classificados como oportunidades. É o caso de duas coleções dedicadas ao trabalho de Robert De Niro. Para quem ainda não aderiu à era Blue Ray, Robert De Niro Collection é uma caixa que pode ser comprada de olhos fechados. Pra começar, dois respeitados trabalhos da parceria de longa data entre o ator e o cineasta Martin Scorsese: Cassino, filme de gângster que traz ainda Sharon Stone e Joe Pesci, e Cabo do Medo, refilmagem considerada superior ao original de 1962. No mais, temos o perturbador O Franco-Atirador, um drama sobre as cicatrizes físicas e psicológicas dos EUA durante a Guerra do Vietnã, e o morno-mas-elegante O Bom Pastor, drama de espionagem que é a segunda investida de De Niro na direção. Encontrei o pacote por R$ 39,90, ou seja, 9,97 pilas por filme.

Trocando em miúdos: Aproveite e me dê um de presente.


Não tão interessante, mas bacana, é a Coleção Robert De Niro. O custo encontrado é o mesmo, R$ 39,90, mas o conjunto vem com apenas três títulos - R$ 13,30, cada. É um box um tanto estranho: traz duas comédias com um dos melhores filmes policiais dos anos 90, o belo Fogo Contra Fogo. Este trabalho de Michael Mann foi o primeiro em que De Niro contracenou com outro monstro sagrado de Hollywood, Al Pacino. Foram apenas três cenas, mas há quem diga que valeram mais do que todo o filme As Duas Faces da Lei, em que eles interpretaram dois policiais que são parceiros. Falando em contracenar, o box traz outra interação bem interessante em Mera Coincidência. É uma gostosa sátira política em que Dustin Hoffman é um chiliquento diretor de cinema contratado pelo assessor da presidência interpretado por Robert De Niro. A idéia é fazer uma guerra de mentirinha para desviar a atenção de um escândalo sexual na Casa Branca. Por fim, temos Máfia No Divã, filme bobinho mas divertido, no qual De Niro interpreta um criminoso que começa a ter crises de consciência. Considerando que o ator viveu o jovem Vito Corleone em O Poderoso Chefão - Parte 2, a piada fica ainda melhor.

Trocando em miúdos: Vale a pena.



quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Kick Ass - Quebrando tudo


Kick Ass - Quebrando Tudo (Kick Ass, EUA / Reino Unido, 2010). Dirigido por Matthew Vaughn. Com Aaron Johnson, Christopher Mintz-Plasse, Lyndsy Fonseca, Chloe Moretz, Nicholas Cage.

Bee

"I can't read your mind. But I can kick your ass."

E se um dia você fosse um nerd, resolvesse vestir uma roupa de super-herói e saisse combatendo o crime... sem ter nenhum super-poder?
Essa é a divertida premissa de Kick Ass, um filme funcional, ágil e surpreendente na medida em que mostra como a vida pode ser perigosa e violenta, muito mais do que nas histórias em quadrinhos. E assim ele acompanha as aventuras e desventuras de Dave Lisewski. É claro que
um doido querendo virar super-herói não seria suficiente: Kick Ass encontra outros pelo caminho e, é claro, um super-vilão tão humano quanto os supers deste longa.

Não é que Kick Ass seja um prodígio em inovação, afinal não escapa de certos clichês típicos do gênero, mas acerta ao trabalhar estes clichês de forma muito criativa. Seja na trilha sonora, nas já batidas referências a Matrix e Kill Bill ou nas piadas familiares, existe uma eficiência bastante saborosa, num clima Superbad de ser que nos deixa bastante satisfeitos no final das contas.

Ritmo ágil e atuações a contento à parte, claro que eu não podia deixar de reclamar do Nicolas Cage, simplesmente porque eu não vou com a cara dele, e o acho ele completamente canastrão. Os únicos filmes em que eu engoli o Nick foram Despedida em Las Vegas e Os Vigaristas. Eu olho para ele e não vejo um personagem: vejo o Nicolas Cage. Mas tem uns críticos que disseram que ele está bem no filme, e já que esse é o trabalho deles e não meu, eu vou acreditar, hehe.

O destaque maior de Kick Ass sem nenhuma dúvida é a personagem Hitgirl, uma menina de uns onze anos que protagoniza algumas das cenas mais pesadas do filme - que aliás tem algumas bem violentas e explícitas. É impossível não traçar uma espécie de paralelo com a garota Mathilda, interpretada por Natalie Portman em O Profissional. O roteiro funciona, e é divertido acompanhar a evolução de Kick Ass, um não-super-herói no mundo real. Recomendo.

Para assistir: Com um pacotão de pipoca, muito refrigerante, num cinema lotado.

Frase do filme:"
Ele tem um sinal especial que brilha no céu, é do formato de um caralho gigante."



Coleção Terror


Este é o primeiro de uma série de posts do Blog - O Filme em que vamos dar pitacos sobre o que você anda levando pra casa quando se depara com supostas pechinchas. Um exemplo são os boxes formados em torno de um determinado ator, diretor ou um gênero cinematográfico, por exemplo. É comum que o pacote permita levar os títulos por um preço mais em conta do que se fossem comprados em separado. Por outro lado, há algumas coleções que te empurram um filme bom junto com outros dois que não valem um níquel furado. O caso a seguir parece emblemático.

Vamos à Coleção Terror. Espere, eu disse terror? Então o que está fazendo o drama romântico A Casa dos Espíritos entre os 6 DVD's reunidos na caixa? OK, Meryl Streep faz uma mulher que tem dons paranormais, I See Dead People e etc, mas nem de longe este é um filme de horror, e certamente não pretende ser. Parece piada. Só faltava Gasparzinho também entrar na lata. Contando este trabalho, assisti apenas três longas contidos na caixa. Os outros dois são A Bruxa de Blair, que considero muito interessante, e A Noite dos Mortos-Vivos, clássico que merece todo o respeito. O resto não é muito animador. A Bruxa de Blair 2 certamente não tem a qualidade ou criatividade do antecessor e Pague Para Entrar, Reze Para Sair é considerado um filme menor da carreira já não muito brilhante do diretor Tobe Hopper. Por sua vez, O Fantasma da Ópera, até onde eu sei, nunca ganhou um longa realmente assustador - sua última versão é um musical dirigido por Joel Schumacher. Encontrei preço sugerido de RS 69,90 - o que dá R$ 11,65 por filme.

Trocando em miúdos: Fuja



terça-feira, 10 de agosto de 2010

À Prova de Morte


À Prova de Morte (Death Proof, EUA, 2007). Direção de Quentin Tarantino. Com Kurt Russell, Zoe Bell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito, Sydney Tamiia Poitier, Tracie Thoms, Rose McGowan, Jordan Ladd, Mary Elizabeth Winstead, Quentin Tarantino, Eli Roth


Renato

À Prova de Morte integra o projeto Grindhouse, parceria de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino. A idéia é bem interessante: recriar, em dois longas, a experiência setentista de assistir filmes de segunda em cinemas de terceira. As imagens simulam defeitos de rolos desgastados e remendos típicos dos que eram feitos nas fitas da época. Isso gerou até alguma confusão. Anos atrás, quando estreou Planeta Terror, segmento comandado por Rodriguez, as salas de exibição em Salvador chegaram a ter problemas com alguns espectadores desavisados.

Por falar em Planeta Terror, vale destacar que a qualidade de À Prova de Morte está anos-luz além do seu irmãozinho. Tarantino tem mais prudência e não tenta sustentar o filme com a brincadeira. Ok, há referências fartas à violência que caracterizou o exploitation dos anos 70, especialmente ao clássico Faster, Pussycat! Kill! Kill!. Mas também há bom cinema e cenas bem interessantes, quase todas envolvendo o dublê psicótico vivido por Kurt Russell em perseguições a mulheres indefesas. Não que todas sejam vítimas tão fáceis, como ele vai perceber.

Foi uma surpresa quando as salas de cinema anunciaram a exibição de À Prova de Morte, que ainda estava inédito no Brasil, quase três anos depois de filmado. Em tempos de internet rápida, com torrents e sites de compartilhamento, era de se esperar que o longa de Quentin Tarantino fosse lançado em terras tupiniquins diretamente em DVD. Quem sabe, são os efeitos positivos do sucesso de Bastardos Inglórios, mais novo filme do diretor.

Nota: 7,0 (de dez)



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Predadores


Predadores (Predators, EUA, 2010). Direção de Nimrod Antal. Com Adrien Brody, Topher Grace, Alice Braga, Walton Goggins, Oleg Taktarov, Laurence Fishburne, Danny Trejo, Louis Ozawa Changchien, Mahershalalhashbaz Ali.


Renato

Predadores segue um princípio muito simples: não se conserta o que não está quebrado. O filme traz muito dos elementos que fizeram o sucesso do primeiro longa-metragem do caçador espacial. Há closes em rostos assustados, enquadramentos que apontam a imensidão verde onde se esconde o inimigo, falas carregadas de dramaticidade e uma trilha sonora que sugere perigo a todo momento.

A produção de Robert Rodriguez começa indo direto ao assunto, com oito pessoas de diferentes países caindo literalmente de pára-quedas em uma selva que não conhecem. Eles logo percebem que não estão lá por acaso e põem as diferenças de lado – o que é mais fácil pelo fato de que todos, veja você, falam inglês. Mas forçações à parte, a narrativa se desenrola bem, e reúne tantas citações ao primeiro filme que beira a condição de refilmagem. Entre outras coisas, estão lá a metralhadora giratória antes usada pelo ator Jesse Ventura e as armadilhas criadas para capturar o caçador alienígena, que surgem em um contexto diferente e bem interressante.

Por falar no elenco do trabalho de 1987, Adrien Brody merece parabéns por encarar o desafio de fazer as vezes do marombado Arnold Schwarzenegger. O franzino ator, respeitado por filmes sérios como O Pianista, dá conta do recado em um papel bem diferente do que desempenhou em King Kong, última vez que atuou no cinema de ação. E enquanto a brasileira Alice Braga volta a marcar mais um ponto na carreira em hollywood, Laurence Fishburne fez visita de médico aos sets. Vai entender.

Nota: 6 (de dez)



Ilha do Medo


Ilha do medo (Shutter island, EUA, 2010) Dirigido por Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max Von Sydow, Michelle Williams, Elias Koteas.


Bee

Logo nos primeiros quinze minutos de exibição de Ilha do Medo, que talvez seja o melhor dos quatro filmes que assisti no cinema desde novembro, eu pensei: "É incrível, que direção elegante!". E é essa a sensação que me permeou durante todo o filme: a de estar degustando uma obra de extrema elegância, um vinho requintado.

Na ilha Shutter existe um presídio para criminosos insanos. Um dos 'pacientes' some. E dois policiais federais, DiCaprio e Ruffalo vão investigar esse desaparecimento. Aos poucos vão descobrindo, pista após pista, que algo muito errado está acontecendo ali.

Longe de ser perfeito - seu renomado diretor, o novaioquino Martin Scorsese dá umas poucas derrapadas aqui e ali - Shutter Island é um filme envolvente, coeso, tenso na medida, visual e ao mesmo tempo psicologicamente torturante. Você sabe em seu íntimo que o final não é óbvio, que deve haver alguma reviravolta, e você sente, mesmo sem ter certeza, de que as pistas estão todas ali.

E estão. Se trata apenas de tentar sentir qual é a verdade.

O filme é escuro, detalhista, utiliza técnicas narrativas e cinematográficas clássicas, e tem uma trilha sonora marcante e às vezes até chamativa. Eu não gosto até hoje do Leonardo DiCaprio, mas ele não faz feio, não. Prefiro ver o Ben Kingsley em cena, sempre um presente, e o que é aquela participação do Max Von Sydow? Um show em poucos minutos. Aliás, todo o notável elenco do filme está impecável, regido com maestria pelos dedos habilidosos de Scorsese.

O ponto forte, fortíssimo do filme é o roteiro complexo e sutil de Laeta Kalogridis. Não é à toa que esse filme se tornou rapidamente o queridinho das platéias no mundo todo.

Pra assistir: Num cinema frio, numa noite chuvosa.

Frase do filme: "O que seria pior, viver como um monstro ou morrer como um homem bom?"


Renato

O que há de mais interessante em Ilha do Medo não é a história apresentada ou o bom elenco, mas a direção de Martin Scorsese. O clima é soturno, as sombras contornam os personagens, a luz dá um tom psicótico ao olhar e mesmo cenas à luz do dia ganham um tratamento intimidador. Um exemplo é aquela em que os policiais Leonardo Dicaprio e Mark Ruffalo chegam ao sanatório da Ilha Shutter, onde uma paciente supostamente desapareceu. A trilha é carregada, excessiva, uma ameaça que se consolida à medida que a câmera se aproxima e leva o espectador a passar por cada um dos portões de acesso.

Recentemente, vi trechos de um extenso documentário em que Scorsese fala do cinema estadunidense, uma espécie de resumão de como esta arte surgiu e se fortaleceu na Terra do Tio Sam. É um sujeito absolutamente apaixonado pelo que faz, e devotado aos homens e mulheres que fizeram esta indústria. Ilha do Medo, como outras obras dele, é uma homenagem - neste caso específico, voltada particularmente aos diretores que marcaram o cinema de suspense a partir dos anos 20.

Confesso que conheço poucos filmes do cineasta, mas ele desperta cada vez mais interesse, não apenas deste reles mortal que aqui escreve, como do público em geral. Ilha do Medo já é considerado um dos maiores sucessos de bilheteria de Martin Scorsese, e ajudou a solidificar a carreira de Leonardo DiCaprio. O ator tem ótimo desempenho e reprisa a parceria ocorrida em Os Infiltrados, O Aviador e Gangues de Nova York. Caiu nas graças de um dos mais respeitados diretores em atividade. Não é pouco.

Nota: 7,0 (de dez)