terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres


Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
(The Girl With the Dragon Tatoo, EUA/Alemanha/Reino Unido/Suécia, 2011). Direção de David Fincher. Com Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, Robin Whright, Goran Visnjic.


Bee

É incrível como certas circunstâncias fazem com que a gente descubra que não está livre de preconceitos. Quando a trilogia Millenium de Stieg Larsson começou a pipocar nas livrarias, eu fiquei bastante curiosa. Primeiro por ser um best seller, segundo por talvez quem sabe conter alguma conexão com o seriado homônimo, do qual muitas pessoas que são referência na minha vida gostavam. E aí um belo dia em uma viagem para São Paulo, me encontro com uma amiga dessas de coração mesmo, que ama livros, inteligente, etc, etc. E ela comenta que ganhou o primeiro, começou a ler, achou legal, mas que não era lá essas coca-cola todas não.

E bum! Minha curiosidade pelo livro acabou sem eu nem mesmo saber de verdade do que se tratava. Vitória da afinidade!

E agora, sai o filme. Mas não é só um filme. Ele é dirigido pelo D-Ê-I-V-I-D-I-F-I-N-C-H-E-R, uma dessas pessoas que eu agradeço todos os dias que existem só porque ele dirigiu Fight Club. Minto, era também porque eu já tinha assistido sete filmes dele, e não tinha desgostado de nenhum. Tinha coisas melhores e piores, mas Fight Club era o diamante brilhando no meu cérebro. E olha! Eu também tinha achado o trailler interessante, coisa que hoje em dia é cada vez mais raro. E ainda tinha o novo James Bond Daniel Craig, então ele já tinha elementos o suficiente para que eu quisesse assisti-lo.

E aí... Eu fui. E gostei muito!!!

Não é o muuuuuuuito, como eu gosto de muitos filmes clássicos e marcantes, como o próprio Fight Club. É o muito de alguém que não olhou para o relógio nenhuma vez, que ficou tensa, que gostou da história, da trilha sonora, da interpretação, do elenco, da fotografia e principalmente do que é na verdade o carro chefe da história: a personagem Lisbeth Salander. Dito isso, vamos ao filme propriamente.

Primeiro quero ressaltar que inicialmente eu achei a escolha da tradução do nome do livro medonhamente assustadora. Porque transformar The Girl With The Dragon Tatoo em Os Homens Que Não Amavam as Mulheres me pareceu excessivamente doente, uma dessas ações desenfreadas do povo do marketing querendo chamar um público alvo diferente. Até que eu descobri que esse é mesmo o nome original em sueco: Män som hatar kvinnor, que chega a ser até pior, traduzindo-se como "Os homens que odiavam as mulheres". Uma coisa que me chamou a atenção logo no início foi ver que ao lado da informação de que o filme se baseava em um livro, vinha também a editora original do mesmo, e eu não me lembrava de ter visto isso nunca na minha vida nos créditos de um filme. Outra foi perceber que o filme - hollywoodiano - não se passava nos Estados Unidos e sim na própria Suécia, conforme a história original. Isso foi realmente uma surpresa agradável.

Sem querer falar muito sobre a história, Os homens que não amavam as mulheres é um mistério "moderno", em que os personagens se utilizam da tecnologia disponível hoje para levantar informações, coletar e processar pistas sobre um crime que ocorreu muitos anos no passado, de uma forma que não é surreal nem tampouco insulta nossa inteligência. A fotografia é muito bem utilizada, e a trilha sonora também, misturando a música com os sons do ambiente, como o vento ou o barulho do aspirador de pó.

A história em si é interessante o suficiente, mas é na tensão e na construção dos personagens que o filme arrebata - especialmente em nos mostrar quem é Lisbeth Salander (Mara), uma jovem sob a tutela do estado, brilhante e desajustada, que se torna uma das investigadoras do caso. A narrativa paralela alternando Lisbeth e Mikael Blomkvist (Craig), um jornalista em desgraça por publicar acusações não comprovadas sobre um grande empresário, é muito eficaz, e ouso dizer - se é que aprendi alguma coisa sobre cinema com Renato Cordeiro, Daniel Fróes e as críticas de Pablo Villaça - que talvez a melhor coisa do filme seja a edição. Pois é exatamente a montagem das cenas que faz com ele que funcione de uma forma tão interessante, em que o tempo é muito bem administrado para não torná-lo um filme chato. Chamo a atenção também para a direção de arte que retrata bem as diferenças entre os personagens nos ambientes que os rodeiam e para a ótima condução do elenco de apoio. Adorei a participação de Stellan Skarsgard (e não apenas por ele ser o pai de Alexander Skarsgard, embora isso ajude). Enfim, é um filme que me conquistou.

Fincher é um cara que tem intimidade com a tensão e não deixa nada a desejar. Usando boas ferramentas a seu dispor, uma história interessante e bons atores, ele nos presenteia com essa obra, que me fez rever meus preconceitos e me deixou com vontade de ler a trilogia. Pena que a minha próxima década já está comprometida com a leitura das Crônicas de Gelo e Fogo. E que algumas críticas de outras pessoas bastante relevantes que leram o primeiro livro me desanimaram para o segundo.

Frase do filme:
Lisbeth Salander: May I kill him?

Pra ver:
Final de semana sem pressa, balde de pipoca, sala boa - de preferência com o som muito bom, vai valer a pena.










Nenhum comentário:

Postar um comentário