terça-feira, 13 de março de 2012

Entre os Muros da Escola


Entre os Muros da Escola (Entre les murs, França, 2008). Direção de Laurent Cantet. Com François Bégaudeau, Agame Malembo-Emene, Angélica Sancio, Arthur Fogel, Boubacar Toure.

Renato Cordeiro

Entre os Muros da Escola é um excelente retrato dos desafios atuais da educação. A ação se passa na França, mas as angústias em cena poderiam facilmente ocorrer no Brasil e outros países. Os muros da escola são porosos, não podem impedir que a sala de aula se torne o microcosmo de uma sociedade doente. Quem está acostumado aos filmes que fazem parecer fácil a missão dos educadores vai perceber aqui um quadro mais complexo e pouco convidativo a um final feliz.

François Marin leciona francês em uma classe que parece o pesadelo de qualquer professor: há estudantes indisciplinados, desmotivados e marcados pelas tensões sociais, com destaque para aquelas de natureza étnica. Marroquinos, asiáticos e franceses têm as diferenças expostas no dia a dia da classe, por vezes com uma violência que vai além da verbal. Marin acredita ou quer acreditar que pode ter sucesso com os alunos estimulando os conhecimentos e interesses que já possuem e se nega a tentar controlá-los com mão de ferro, talvez até por não saber como fazer isso. Em função da postura adotada, tem de confrontar continuamente com os jovens, que são bem habilidosos em apontar as fragilidades do professor. Apesar de bem intencionado, ele acaba sendo levado gradualmente ao limite, e passa a cometer erros que não serão esquecidos.

O filme não traz tomadas em outras salas, mas através de Marin temos noção das dificuldades dos colegas professores, especialmente nos momentos em que se reúnem para discutir a situação dos estudantes. O filme já começa com os docentes se encontrando para debater o ano letivo e se apresentar uns aos outros. Em poucos segundos de fala de cada veterano, é notório que os sorrisos amarelos de canto de boca refletem um constrangimento que não está ligado apenas à vergonha de um momento de exposição, mas se refere também ao leve desespero de quem sabe o que vai enfrentar nos próximos meses.

A câmera na mão e a ausência de trilha sonora ajudam a conferir realismo ao longametragem, que também se vale de diálogos muito eficientes. Nos embates entre Merin e os estudantes, as falas simples mostram o professor tentando recuperar a imagem desgastada, enquanto os alunos parecem fazer do desafio à atutoridade um esporte. Já as discussões entre os educadores revelam questões difíceis de resolver. Qual o momento em que é preciso abandonar um jovem? Qual culpa caberá a ele neste processo? Qual a medida certa do reconhecimento que se pode dar a um estudante frente às expectativas nele depositadas? As atuações também chamam a atenção. Quase todos os personagens compartilham do mesmo nome dos intérpretes, a exceção do problemático Soulemayne, vivido por Franck Keita, cuja gestualística é simplesmente perfeita.

Nota: 8,0 (de dez)










Um comentário:

  1. Olá,meu nome é Kateryna Oliveira,adoro filmes sou comentadoras de blogs sobre filmes,enfim esse blog é muito bom,gostei. Agora esse filme indico,já assisti com minha filha ela adorou,não gostei de umas coisas muito pequenas mas são coisas visíveis,a nota é 9,4.

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