sábado, 12 de maio de 2012

As Donas da Noite


As Donas da Noite (Wir sind die Nacht, Alemanha, 2010). Direção de Dennis Gansel. Com Karoline Herfurth, Nina Hoss, Jennifer Ulrich, Anna Fischer, Max Riemelt, Arved Birnbaum, Steffi Kühnert.


Renato Cordeiro

Enquanto alguns bons filmes de vampiro foram produzidos fora da Terra do Tio Sam, a Alemanha pariu um dos exemplares mais fracos dos últimos anos, considerando aqueles que tiveram uma produção mais significativa. Foram 6,5 milhões de euros gastos em uma produção que costura alguns maneirismos próprios de um segmento já muito maltratado do cinema de horror. Se, numa comparação forçosa, Deixe Ela Entrar corresponde a Entrevista com o Vampiro, então As Donas da Noite equivale a Anjos da Noite.

Um dos vários problemas desta produção é a construção preguiçosa de Lena, a protagonista. Pouco sabemos e pouco saberemos ao longo do filme sobre esta jovem maltrapilha que se torna objeto de desejo de Louise, a líder de um trio de vampiras, que reconhece na personagem um amor do passado. A trama não oferece algo sobre a garota que faça o espectador compreender ou se importar com o peso dos acontecimentos vividos por ela. Por exemplo, não soa convicente a crise de consciência que aos poucos toma conta de Lena quando se torna imortal e entra numa espiral de boemia sanguinária e transgressora. O remorso que se abate sobre a nova vampira parece atender apenas às necessidades imediatas de um roteiro que não demonstra qualquer traço de criatividade.

As Donas da Noite sequer consegue esboçar alguma provocação. Cria um clima homoerótico entre Lena e Louise, mas não o desenvolve. Dá para a antiga Lena um ar de junkie maltrapilha, mas não nos leva a descer com ela ao inferno que o filme tenta nos convencer que era a sua vida humana. Improvisa um romance entre a protagonista e o policial que não é explorado o suficiente para dar peso às inseguranças na semivida que Lena abraçou. Enquanto isso, o longametragem deixa de se dedicar a alguns elementos interessantes das companheiras de grupo, a exemplo da vampira que tem como filha uma mortal em idade avançada.

Em As Donas da Noite, a forma é tão desgastada quanto o conteúdo. A razoável sequência inicial, dentro de um avião, não encontra paralelos ao longo do resto da projeção. Se você gosta de filmes sobre vampiros e busca algo interessante feito fora dos EUA, vai encontrar aqui uma dupla decepção. Uma produção que, além de ruim, emula o que há de pior na parte do cinema estadunidense que se vende como sendo de horror.

Nota: 3,0 (de dez)










Nenhum comentário:

Postar um comentário