segunda-feira, 4 de julho de 2011

MacArthur


MacArthur (EUA, 1977). Direção de Joseph Sargent. Com Gregory Peck, Ivan Bonar, Ward Costello, Nicolas Coster, Marj Dusay.


Renato Cordeiro

Dizer que a vida de uma pessoa daria um filme não significa que o filme vai ser bom. O caso de MacArthur, baseado na trajetória de um dos maiores generais da história dos Estados Unidos, serve para ilustrar alguns dos desafios inerentes a empreitadas do tipo. Por mais que a vida de uma figura célebre tenha momentos singulares e dignos das telas de cinema, o longametragem, a depender do roteiro, pode se tornar apenas um apanhado de momentos episódicos do biografado, o que eleva os riscos de problemas de ritmo. E desse mal o trabalho de Joseph Sargent certamente padece.

O longametragem retrata o protagonismo de Douglas MacArthur em alguns dos momentos mais importantes do combate aos japoneses na Segunda Guerra até os últimos dias da carreira militar, durante a Guerra da Coréia. Apesar do currículo invejável de um dos raros generais de cinco estrelas do Exército estadunidense, apenas algumas poucas passagens do filme são merecedoras de maior atenção. A retomada das Filipinas, com o biografado desembarcando ao lado do presidente Roosevelt no arquipélago reconquistado, impressiona pela boa reconstituição do momento. Também merecem destaque as sequências que apresentam episódios não tão explorados pela sétima arte, como a rendição dos japoneses na Baía de Tóquio e a posterior administração de MacArthur na Terra do Sol Nascente.

De resto, a produção sofre por ter o
fio narrativo resumido ao próprio personagem principal e sua vida dedicada ao Exército. O desenrolar das cenas segue a cronologia dos conflitos sem gerar maior expectativa. Já idoso, o ator que interpretou o general, Gregory Peck, chegou a admitir em uma entrevista não ter gostado do roteiro. Não surpreende, assim como também não passa despercebida a produção um tanto modesta demais para um projeto deste tipo. A famosa Batalha de Inchon, por exemplo, é mostrada de bastidores, com MacArthur acompanhando a ofensiva em uma embarcação, ao som da peleja.

Gregory Peck oferece aqui uma atuação muito acima da média, que chegou a ser considerada, à época, digna do Oscar. Basta assistir, depois do filme, ao famoso discurso no Congresso para perceber o belo trabalho de voz e gestos desenvolvido pelo ator californiano. É notório, por outro lado, que o astro negocia a composição com os interesses do projeto, que busca justificar a condição de lenda atribuída ao general. O olhar semicerrado do intérprete em diversas passagens parece injetar mais dramaticidade ao personagem, nem sempre contribuindo para o indigesto resultado final do longametragem, claro e pagajosamente ufanista.

Nota: 5,0 (de dez)










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