domingo, 3 de julho de 2011

Meia-Noite em Paris


Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, Espanha/EUA, 2011) Direção de Woody Allen. Com Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Michael Sheen, Nina Arianda, Kurt Fuller, Mimi Kennedy, Kathy Bates, Alison Pill, Tom Hiddleston, Corey Stoll, Adrien Brody, Carla Bruni


Renato Cordeiro

Ainda que a indústria cultural dos Estados Unidos seja conhecida pelo volume de dinheiro que movimenta, é bem verdade que os que advogam pela verdadeira arte olham com mais carinho para a França. Não é algo que se dá pelo que o país europeu concretamente produz, mas sobretudo pelo apreço por expressões artísticas mais elevadas. O Oscar, por exemplo, é um prêmio que vale muito em termos de negócios, mas não chega nem perto do grau de prestígio do Festival de Cannes, de onde saem tarimbadas algumas das obras mais relevantes do cinema mundial. Não é de se estranhar, então, que o protagonista de Meia-Noite em Paris viva, justamente na Cidade Luz, uma busca por autenticidade e relevância.

Gil é um roteirista bem-sucedido em Hollywood, mas se encontra insatisfeito com o trabalho. Ele quer dar uma guinada na carreira e publicar o primeiro romance, mas está inseguro, recusando-se a falar do projeto e deixar que outras pessoas leiam o material. Em uma noite na qual anda sozinho pelas ruas de Paris, Gil, num passe de mágica, é transportado para uma outra época, e décadas antes, encontra a cidade fervilhando em agitação cultural. Em um espaço de poucas horas, conhece artistas de renome, como Scott Fitzgerald e Ernest Hemmingway.
A convivência com estes e outros gênios criativos vai inspirar o rapaz a ganhar coragem para a primeira empreitada literária.

O diretor e roteirista do longametragem já começa o espetáculo com uma reverência à bela locação adotada para as filmagens. Diferente de obras anteriores de Woody Allen, a tônica de Meia-Noite em Paris é o encanto, que começa pela trama, uma fantasia simpática com discurso preciso. A história passa longe do pensamento tacanho de qualificar a capital francesa como um lugar de excelência em confronto com a mediocridade de fora. Na verdade, a Cidade Luz funciona como uma meca para artistas de diversos países, como o espanhol Salvador Dali e a escritora estadunidense Gertrude Stein. Da mesma forma, o filme denuncia a tentadora ilusão de que os tempos pretéritos tem sempre mais méritos.


Nota: 7,0 (de dez)










Nenhum comentário:

Postar um comentário