terça-feira, 21 de junho de 2011

O Escarlate e o Negro


O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, EUA/Reino Unido, Itália, 1983). Direção de Jerry London. Com Gregory Peck, Christopher Plummer, John Gielgud, Raf Vallone, Kenneth Colley, Walter Gotell, Barbara Bouchet, Julian Holloway, Angelo Infanti.


Renato Cordeiro

A neutralidade da Igreja Católica durante o Holocausto não passou em branco na história, nem no cinema. Amém, de Costa-Gravas, é talvez um exemplo mais famoso de longametragem a tratar do assunto. Já O Escarlate e O Negro, talvez pela natureza televisiva, não chama tanta atenção, mas tem bons motivos para ser conferido. A trama é baseada na história real do Monsenhor Hugh O'Flaherty, que durante a ocupação alemã em Roma, liderava um grupo responsável por esconder judeus, refugiados e soldados aliados. O trabalho se torna ainda mais perigoso graças à presença do
novo Chefe da Polícia romana, o coronel nazista Herbert Kappler.

O ator preferido deste cinéfilo já havia vestido a batina no clássico As Chaves do Reino, que rendeu a Gregory Peck a primeira indicação ao Oscar, em 1944. A diferença é que o
Monsenhor O'Flaherty, com sua integridade moral e capa vermelha a cobrir as costas, mais parece um super-herói. O sacerdote tinha a fama de playboy, frequentando os mais distintos eventos, mas também era capaz de demonstrar as habilidades com boxe para se defender de perseguidores da Gestapo.

O contraponto do benfeitor irlandês é o igualmente obstinado Kappler, vivido por Christopher Plummer. O nazista recebe a missão de dominar o coração da Itália, mas vê no Monsenhor um espinhoso obstáculo, por causa da imunidade diplomática do padre. Logo ao chegar, o chefe da polícia alemã determina uma faixa que delimita a soberania do Vaticano, obrigando
O'Flaherty a usar perigosos artifícios para manter suas atividades.

Em meio à direção morna e a produção modesta, um destaque negativo vai para a trilha pouco inspirada do mestre Ennio Morriconne. Outro problema são os esforços para remover do Papa Pio XII a aura de indiferença ante o nazismo, rendendo momentos que oscilam entre os patéticos e os repulsivos. Pode até ser que ele tenha sido injustiçado pela história, mas não será neste telefilme que encontrará redenção. Felizmente, o longametragem se detém no que interessa, o duelo de vontades entre o religioso e o coronel. Vale a pena prestar a atenção na sequência final, que explica os impressionantes desdobramentos da história.

Nota: 6,0 (de dez)










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