domingo, 27 de novembro de 2011

Tropa de Elite 2 - O Trailer Gringo




Um dos melhores filmes brasileiros já realizados, Tropa de Elite 2, que está buscando indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ganhou um trailer voltado ao mercado estadunidense. Vale reparar a forma específica como é feita essa prévia do longa de José Padilha: são exploradas cenas de ação com cortes rápidos, a música aposta em um clima de urgência e há pouquíssimos diálogos em português, o que certamente ajuda a evitar a antipatia do público norteamericano. Vamos ver se o vídeo ajuda a conquistar corações na Terra do Tio Sam e, por tabela, a estatueta dourada.











sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ele Não Está Tão a Fim de Você


Ele Não Está Tão a Fim de Você (He's Just Not That Into You, EUA, Alemanha, Holanda, 2009). Direção de Ken Kwapis. Com Ginnifer Goodwin, Justin Long, Bradley Cooper, Jennifer Connelly, Scarlett Johansson, Jennifer Aniston, Ben Affleck, Kevin Connolly, Drew Barrymore, Kris Kristofferson.


Renato Cordeiro

Com tantas celebridades reunidas, é difícil que uma produção passe despercebida, o que não significa que, posteriormente, um filme não possa
, aos poucos, ser relegado a um merecido esquecimento. Há dois problemas básicos que impedem que Ele Não Está Tão a Fim de Você seja algo além de um passatempo medíocre. O primeiro é comum em longas cuja trama costura diferentes linhas narrativas. O outro é um mau hábito típico das comédias românticas.

O filme tem basicamente quatro tramas paralelas protagonizadas por mulheres que oscilam entre a insegurança e o extremo desequilíbrio emocional. A história principal, que justifica o título do longa, é a mais interessante. Interpretada por Ginnifer Goodwin, Gigi é uma romântica incurável que passa a mudar de comportamento quando descobre a brilhante tese de que, se um homem não demonstra interesse por uma garota, é porque, de fato, não está tão interessado nela. A descoberta vem de um solteirão vivido pelo ótimo Justin Long, que conhece todas as artimanhas usadas para se afastar de uma mulher e ajuda Gigi a ler os sinais, rendendo algumas passagens divertidas.

Ele Não Está Tão a Fim de Você
segue a linha de obras como Simplesmente Amor, mas não se dá tão bem ao lidar com todas as tramas paralelas. A história do casal em crise vivido por Jennifer Aniston e Ben Affleck é apenas correta, enquanto aquela protagonizada pela produtora do longa, Drew Barrymore, é quase inexistente. Por fim, o triângulo amoroso dos personagens de Bradley Cooper, Jennifer Connelly e Scarlett Johansson parece funcionar apenas para explorar a beleza e sensualidade desta última.

Por fim, como em boa parte das comédias românticas, também aqui teremos mudanças de postura e epifanias nos minutos finais do longa. Enquanto algumas acontecem de forma até aceitável, existe uma em específico que, particularmente forçada, destroi as características que tornavam um dos personagens tão interessante, pouco oferecendo em troca algo mais do que uma adequação comportamental que revela um certo caretismo.

Nota: 5,0 (de dez)










quinta-feira, 24 de novembro de 2011

6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul


A Sala Walter da Silveira, em Salvador, recebe, de hoje até o dia 30, a 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. A programação, que passa pelas 26 capitais estaduais e Brasília, reúne obras da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, além do Brasil. A curadoria é de Francisco Cesar Filho.

Mais informações aqui.










quarta-feira, 23 de novembro de 2011

John Ford: Os Primeiros Anos


A sala Alexandre Robatto exibe até sexta-feira, dia 25, alguns dos primeiros longas de um dos mais cultuados diretores da história do cinema, John Ford. A mostra John Ford: Os Primeiros Anos reúne filmes como O Delator, Rio Acima e A Mocidade de Lincoln.

Mais informações aqui.








segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os Queridinhos da América


Os Queridinhos da América (America's Sweethearts, EUA, 2001). Direção de Joe Roth. Com Julia Roberts, John Cusack, Billy Crystal, Catherine Zeta-Jones, Hank Azaria, Stanley Tucci, Christopher Walken, Alan Arkin, Seth Green, Scot Zeller, Larry King, Steve Pink, Rainn Wilson, Eric Balfour, Marty Belafsky.


Renato Cordeiro

Sacanear Hollywood é fácil e faz bem. O cinemão pode divertir e eventualmente provocar uma reflexão, mas boa parte do tempo o que se vê são filmes caçaníqueis estrelados por atores em encenação full time, fazendo o ofício servir ao discurso publicitário, vendendo o peixe estragado das mais desprezíveis produções em making offs manjados e entrevistas idem. O terreno é fértil para paródias e é o que faz Os Queridinhos da América, que peca por tornar-se aquilo que critica. É uma produção sem graça que se apóia nas estrelas anunciadas no pôster para vender um produto de qualidade inferior.

O trabalho passa longe dos resultados obtidos por Trovão Tropical, recheado de boas piadas sobre a indústria cinematográfica, e Um Lugar Chamado Notting Hill, que apresenta personagens interessantes e bons diálogos. A metalinguagem deste último, também protagonizado por Julia Roberts, teve mais sucesso na cena em que Hugh Grant se passa por repórter e entrevista o elenco de um blockbuster estrelado pela atriz. Nenhuma cena de Os Queridinhos da América, cujo roteiro é coescrito por Billy Crystal, consegue algo parecido, e em vez disso, costura gags e falas pouco inspiradas protagonizadas por personagens que oscilam entre a caricatura e a pieguice.

O astro vivido por John Cusack é um dos que mais padecem, sendo resumidamente um idiota neurótico e mal amado depois que a esposa, a estrela interpretada por Catherine Zeta-Jones, resolve trocá-lo por um amante latino. A atriz é retratada como uma típica mulher fútil afeita à vida de celebridade, ainda que, insegura, infernize a vida da irmã e assessora pessoal, vivida por Julia Roberts, secretamente apaixonada pelo agora ex-cunhado. Crystal completa o elenco como o produtor que vai usar de todos os meios para promover o novo blockbuster do casal, mesmo depois de ter se separado. Crystal vive um dos piores momentos do longametragem, em uma insólita cena na qual contracena com um cão.

Mantenha distância d'Os Queridinhos da América. Mesmo quem é fã de comédias românticas tem coisa melhor pra fazer do que buscar diversão neste filme esquemático do inexpressivo Joe Roth. O humor é infantil e o romance, batido. É uma pena, considerando o elenco estrelado e o plot que é até interessante.

Nota: 4,0 (de dez)











domingo, 20 de novembro de 2011

O Capítulo Proibido de Amanhecer


Tempos atrás, o livro Amanhecer frustrou os fãs que aguardavam ansiosamente pela tão esperada noite de amor entre Bella e Edward, casal protagonista da série Crepúsculo. Não demorou para ganhar fama na internet um suposto capítulo extra que teria sido censurado pela própria autora, Stephenie Meyer. O texto intercala e revela as sensações do vampiro e sua protegida humana, fornecendo detalhes da intimidade do par. Anos depois, muitos ainda reclamam para si a autoria do texto.

Na verdade, tudo não passou de um devaneio em forma de fan-fic concebido por uma perturbada mente baiana, Bete Bee. Ela diz que escreveu o texto só para amenizar o desgosto em não ver a noite de amor de Bella e Edward devidamente trabalhada pelo livro, mas fontes fidedignas apontam que Bee é mesmo uma crepusculete.

Com a estréia de Amanhecer - Parte 1, parece apropriado comparar o que o filme traz e o que você pode ler aqui.








sábado, 19 de novembro de 2011

Norris Vs Seagal




Essa é para os marmanjos que adoram filmes de ação. O Mundo Canibal, o mesmo dos infames Avaiana de Pau e Le Partoba, resolveu atender ao sonho dos amantes da pancadaria e antecipou como seria uma luta envolvendo dois ícones do gênero: Steven Seagal e Chuck Norris.

Dica de Galdir Reges.










sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Super Produção Sem Verba


Bem na linha da brincadeira que imagina títulos baianos para produções hollywoodianas, o Pablo Villaça, do Diário de Bordo, resolveu propor um exercício imaginativo aos cinéfilos: como seria se as restrições orçamentárias fossem evidenciadas logo no nome da produção? Foi assim que surgiram longas como Se Meu Fusca Funcionasse e Arthur, o Proletário Pegador. E o resto você confere aqui.

Dica de Bete Bee.











quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Braveheart Soundtrack



Renato Cordeiro

Sem dúvida a bela trilha de James Horner, indicada para o Oscar em 1995, é um dos trunfos de Coração Valente, épico dirigido por Mel Gibson. À época do lançamento nos cinemas, cartazes do longametragem de quase três horas apresentados nos jornais de Salvador traziam uma legenda com uma frase mais ou menos assim: Os Homens Vão Adorar. As Mulheres Vão Suspirar. Os dizeres, ainda que ingênuos, sinalizam o feito conseguido pelo trabalho que traz uma versão romanceada da vida do líder escocês William Wallace, lendário ícone da resistência contra a dominação inglesa.

O filme consegue agradar a uma grande variedade de públicos, dosando aventura, violência, romance e drama. E se é verdade que a trama faz isso abrindo mão da fidelidade histórica, o score de Horner também não é tão próprio da cultura escocesa. A gaita de fole, por exemplo, instrumento chave na maior parte das músicas, é ouvida, nas verdade, atráves de um modelo irlandês. Não que isso tenha tornado as trilhas menos bonitas.

Horner preparou basicamente quatro motivos principais para as dezoito faixas do CD. Um deles, que responde pelo tema principal, dá conta da dimensão lendária do rebelde, com uma poderosa gaita de fole que se une aos violinos. O motivo será retomado nos momentos de maior triunfo ou expectativa em torno das grandes batalhas que serão lideradas por Wallace, a exemplo de Making Plans Gathering The Clans. O mesmo motivo ainda é incorporado à bela Sons of Scotland, que marca a chegada do personagem e seus comandados na Batalha de Stirling. A música investe em sopros discretos para acompanhar o discurso motivacional de William Wallace aos escoceses, um daqueles momentos em que os marmanjos na sala de cinema se sentem tomados de um desejo incontrolável de também resolver os problemas à base das machadadas.

No plano das músicas mais ternas, aparece logo aos primeiros minutos do filme Gift Of a Thistle, mais um tema que tem em primeiro plano uma gaita de fole. A música pode ser ouvida nos primeiros minutos do épico, quando Wallace, ainda menino, durante o funeral do pai, recebe uma flor da garota que, anos mais tarde, será sua esposa. O trecho volta a aparecer em várias passagens dedicadas à personagem Murron, incluindo uma versão em flauta no tema The Secret Wedding, que também desenvolve outro motivo usando o mesmo intrumento.

Os temas de Coração Valente são interpretados pela London Symphony Orchestra. Abaixo, uma das melhores cenas, o discurso motivacional bem à moda do Tio Sam.










quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mandando Bala


Mandando Bala (Shoot 'Em Up, EUA, 2007). Direção de Michael Davis. COm Clive Owen, Monica Bellucci, Greg Bryk, Paul Giamatti, Chris Jericho, Stephen McHattie, Jane McLean, Daniel Pilon, Ramona Pringle.


Renato Cordeiro

"Cuiuda", no baianês, é um termo usado para criticar uma cena que manda pro espaço alguma regrinha científica. Alguns exemplos são a extensa produção de uma vacina a partir do sangue de um único macaco em Epidemia e os ruídos em pleno vácuo que escutamos em Guerra nas Estrelas. Mas apontar uma cuiuda em um filme, às vezes, é fazer uma cobrança indevida. A cuiuda pode ser parte do espetáculo. É o caso de Mandando Bala, um filme da ação que usa o exagero para fazer chacota de si mesmo.

A história é muito simples: um tal Sr. Smith (Clive Owen) salva um bebê recém-nascido e passa a fugir com ela de assassinos contratados por um homem (Paul Giamatti) disposto a tudo para matá-los. Para ajudar a cuidar da criança, seu mau-humorado benfeitor contará com a ajuda de uma prostituta lactante (Monica Belucci). Tudo o mais que há no roteiro é um monte de desculpas para cenas surreais vividas por personagens caricatos, mas muito funcionais. Giamatti está ótimo como vilão histérico e Owen faz aquele mesmo anti-herói indiferente que o consagrou, anós atrás, com a série de curtas-metragens da BMW.


Mas é na criatividade das cenas de ação que reside o grande mérito de Mandando Bala, que vai além da paródia, sendo também uma obra propositiva, orquestrando seqüências inusitadas, tensas e irreverentes. Torna-se um contraponto para os filmes que procuram se vender meramente pelo número de tiroteios e explosões - e que teve como último exemplar o sofrível Duro de Matar 4.0.

Nota: 7,0 (de dez)

(escrita em 10 de novembro de 2007)










terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Palhaço


O Palhaço (Brasil, 2011). Direção de Selton Mello. Com Selton Mello, Paulo José, Giselle Indrid, Larissa Manoela, Teuda Bara, Erom Cordeiro, Cadu Fávero, Maíra Chasseraux, Thogun, Hossen Minussi, Alamo Facó, Tony Tonelada, Bruna Chiaradia, Renato Macedo, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Danton Mello.


Renato Cordeiro

Filmes como O Palhaço levam o espectador a sentir gratidão pelos Irmãos Lumière, fazem a invenção do cinema valer a pena. A obra é mais que uma homenagem ao universo do circo em forma de road movie, tratando ainda de assuntos como tradição, família e autoconhecimento. É um trabalho que põe de lado preocupações sobre a prevalência da fábula sobre o específico fílmico, já que a história, ainda que simples, é tão envolvente quanto à própria maneira como é contada pela câmera. É pra sair da sessão emocionado, mesmo.

Benjamim, vivido por Mello, e o pai, Valdemar, interpretado por Paulo José, fazem a dupla Pangaré e Puro Sangue, atrações de uma trupe mambembe que atravessa cidadezinhas rurais. O filho se encontra cansado e insatisfeito em administrar o negócio, tarefa delegada pelo pai, e está ansioso para mudar a vida, sem saber como.
Em um dos momentos mais tocantes, ele desabafa com uma desconhecida a quem pergunta: eu faço as pessoas rirem, mas quem vai me fazer rir? Assim mesmo, simples, direta, dilacerante, a expressão do desespero.

Enquanto Benjamim procura a si mesmo, Valdemar busca uma forma de lidar com a insatisfação do herdeiro, e a jornada de ambos é marcada por interessantes personagens terciários. O palhaço de Paulo José cativa pela dificuldade em se comunicar com o filho, a quem ama, mas não consegue dirigir palavras de conforto ou sabedoria, encontrando-as no melancólico personagem de Jackson Antunes. Já a estrada de Benjamim leva seu próprio intérprete, Selton, a contracenar com Danton Mello, irmão do cineasta. Entre outras pequenas participações, destaque para o cantor e apresentador Moacyr Franco, que, impagável como o Delegado Justo, foi a surpresa do Festival de Paulínia, faturando o prêmio de ator coadjuvante.

A direção de Selton Mello convida à introspecção e encantamento. Ele mostra o elenco, incluindo ele próprio, de corpo inteiro, em exposição máxima. Mas, sobretudo, Mello filma silêncios. São várias as passagens em que deixa os atores expressarem os sentimentos sem uso de palavras, permitindo que a boa trilha sonora tenha ainda mais impacto. Duas cenas de despedida, uma protagonizada por Paulo José, outra pelo próprio diretor, de lenço na mão, são particularmente expressivas neste sentido. Na verdade, a verborragia, por assim dizer, só acontece nas cenas em que os protagonistas palhaços estão em cena, com um humor mais verbal do que pastelão.

A busca de Pangaré por Benjamim é carregada de simbologias, algumas mais explícitas, outras menos, mas todas funcionam bem dentro da história, coescrita por Mello e Marcelo Vindicato. Exemplos incluem a falta de uma carteira de identidade e o estranho fascínio que o personagem nutre por ventiladores. O modo como o objeto é apresentado quando o longa se aproxima do fim, incluindo uma bela cena em um caminhão, é carregado de ternura e realça o ponto de virada do protagonista. A própria cena inicial exprime bem o que O Palhaço faz com o próprio público. Arranca-nos da monotonia e dureza do cotidiano, gera intriga e encanto, para depois nos devolver ao estado em que estávamos, como se a arte pudesse nos fazer durar mais um pouco.

Nota: 8,0 (de dez)










segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Orfanato


O Orfanato
(El Orfanato, México/Espanha, 2007). Direção de Juan Antonio Bayona. Com Belén Rueda, Fernando Cayo, Roger Príncep, Mabel Rivera, Montserrat Carulla, Andrés Gertrúdix, Edgar Vivar, Geraldine Chaplin.


Renato Cordeiro

O drama cai bem ao horror. Em filmes que valorizam essa associação, o deleite do espectador não está nos sustos, nas vísceras e litros de sangue espalhados pelo chão, nem em uma alta contagem de corpos acumulados ao longo da narrativa. Em vez disso, temos personagens verossímeis, que tem amor, compaixão, medo, culpa, sentimentos capazes de gerar identificação com o público, fazê-lo se importar com o destino do protagonista.
O Orfanato é um dos mais felizes exemplos neste sentido. O filme assusta, e muito, é verdade. Mas no final pode arrancar algumas lágrimas do espectador, a exemplo do que aconteceu a este cinéfilo.

O acerto começa pelo elenco, incluindo a escolha de Belén Rueda, vista anteriormente em Mar Adentro, com Javier Bardem. A beleza madura da atriz espanhola confere doçura e pulso à personagem Laura, mãe adotiva do pequeno Simón, vivido pelo ator-mirim
Roger Príncep, um achado escolhido entre 400 candidatos ao papel. Junto a Fernando Cayo, que faz o marido de Laura, eles interpretam uma família que acaba de se mudar para um antigo orfanato onde viveu a protagonista. O Orfanato logo engrena para um típico filme de casa malassombrada, a exemplo de Os Outros, lembrando ainda, inevitavelmente, O Sexto Sentido e Ecos do Além. Simón começa a falar com o que Laura imagina ser um amigo imaginário, mas eventos estranhos vão se sucedendo, indicando que os fantasmas do passado, literalmente, estão à porta.

À exceção da câmera desnecessariamente nervosa
em certo momento da obra, quando Rueda corre na praia, Bayona se sai muito bem. Apostando na força do elenco para causar tensão, ele segue a linha do que se vê em longas como O Bebê de Rosemary, ou melhor, a linha do que não se vê. No momento mais assustador do longa de Polanski, a tela não mostra o motivo do horror da personagem de Mia Farrow, mas sim o efeito, o rosto da atriz, deixando por conta da imaginação do espectador o horror que ela presencia. Do mesmo modo, em uma das melhores cenas de O Orfanato, uma médium investiga os estranhos acontecimentos na casa de Laura e, mesmo com ótimos elementos cênicos que ajudam a intimidar o público, o que mais apavora é a face desfocada da atriz Geraldine Chaplin. Aliás, Geraldine, filha de Charles Chaplin, já entra em cena com toda a reverência, sendo melhor aproveitada nos poucos minutos de participação do que foi Zelda Rubinstein como a vidente dos três filmes de Poltergeist. E olha que a Tangina Barrons era ótima. Destaque ainda para a participação de Edgar Vivar, que ficou famoso no Brasil pelo personagem Seu Barriga no programa televisivo Chaves.

Também vale mencionar a excelente trilha sonora de Fernando Velázquez, bensucedida tanto nas cenas de maior tensão, quanto naquelas que prometem arrancar lágrimas do público. Segundo o IMDB, O Orfanato, produzido por Guillermo Del Toro, o mesmo de O Labirinto do Fauno, foi aplaudido de pé por dez minutos quando da exibição em Cannes. Quem quiser descobrir o motivo, que assista.

Nota: 8,0 (de dez)









domingo, 13 de novembro de 2011

7º Festival Internacional de Cinema de Salvador


Vai até o dia 24 a sétima edição do Festival Internacional de Cinema de Salvador, que homenageia o crítico e criador da Mostra Internacional de Cinema Leon Cakoff, falecido em 14 de outubro deste ano. São 30 trabalhos divididos nas categorias Cine Doc, Mostra Brasil, Mostra Mundo, Sessão Coruja e Mostra Wajda - Cinema Polonês, esta última reunindo 10 filmes do diretor europeu. O evento acontece nas Saladearte Cinema da UFBA (Vale do Canela), Cinema do Museu (Corredor da Vitória) e Cine XIV (Pelourinho).

Mais informações aqui.










sábado, 12 de novembro de 2011

Arthur Recreates Scenes from Classic Movies


Um garotinho de seis meses se tornou sensação na internet por causa de ensaios com referências cinematográficas. A idéia partiu da mãe de Arthur Hammond, a escritora Emily Cleaver, que fez até um blog onde publica os ensaios, Arthur Recreates Scenes from Classic Movies. As imagens são dedicadas a longas como Rambo - Programado Para Matar, Alien, Beleza Americana e Um Sonho de Liberdade.

Dica de Alana Câmara.









quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Primavera do Dragão - A Juventude de Glauber Rocha

Renato Cordeiro

Se a len
da é melhor do que o fato, imprima-se a lenda. A citação do filme O Homem Que Matou o Facínora, de John Ford, está na ponta da língua de Nelson Motta, sempre que perguntam a ele se há espaço para a ficção em uma obra biográfica. A questão ganhou espaço na agenda do escritor depois da polêmica, ou como ele classificou, polemiquinha, envolvendo o livro A Primavera do Dragão - A Juventude de Glauber Rocha. Amigos do cineasta baiano reclamaram de passagens do texto que tratam de fatos que, supostamente, nunca ocorreram. Os trechos controversos são, justamente, os mais divertidos da obra que faz um recorte dos primeiros 25 anos da vida de Glauber Rocha, desde a infância em Vitória da Conquista até a consagração de Deus e o Diabo Na Terra do Sol no Festival de Cannes.

O livro aposta no tom anedótico para mostrar uma história de formação, com destaque para os laços de camaradagem que o diretor estabeleceu em juventude, incluindo figuras como o escritor João Ubaldo Ribeiro e o artista plástico Calazans Neto. Os dois, a propósito, são apontados por Nelson Motta como fontes de informação sobre os devaneios revolucionários do jovem Glauber e seus amigos. Um exemplo é a tentativa de pintar uma frase de protesto no casco de uma embarcação na Baía de Todos os Santos, no qual havia uma exposição itinerante de propaganda da Espanha franquista, que o grupo identificava como uma afrontosa representação de uma ditadura fascista e sanguinária. Outra ação malfadada foi a chamada Conspiração das Maçãs, um plano de atentado contra o então governador Juracy Magalhães.

Ao longo de mais de trezentas páginas, o texto transporta o leitor para uma Salvador habitada por uma jovem boemia culta, frequentadora de espaços que marcaram a vida cultural da cidade, a exemplo da casa de shows Tabaris, o Cine Liceu comandado pelo cineclubista Walter da Silveira e a Universidade Federal da Bahia, quando tinha como reitor o visionário Edgar Santos.

A despeito da veracidade ou não das malfadadas iniciativas revolucionárias, o livro possui falhas que foram reconhecidas pelo autor, a exemplo de uma confusão nos nomes de algumas pessoas. Alfinetando os críticos, Motta minimizou o problema e disse que os erros são poucos e se referem ao oitavo escalão dos personagens que conviveram com o biografado, que não fazem diferença para a compreensão do que levou Glauber Rocha a ser Glauber Rocha. E polêmicas à parte, se é que isto é possível, o livro diverte e tem êxito em cumprir a proposta do escritor, que não quis fazer uma biografia definitiva, mas contar um lado menos conhecido e mais solar da vida de Glauber.

O biografado, claro, facilitou a vida do escritor, protagonizando situações que, talvez não por acaso, dariam um filme. Até pelo modo romanceado como é contada a vida do conquistense, é possível visualizar cenas da Salvador de antigamente, as dificuldades para dirigir Barravento e Deus e o Diabo Na Terra do Sol, a disputa em Cannes com o filme do mestre Nelson Pereira dos Santos, Vidas Secas. Motta, à época da Décima Bienal do Livro da Bahia, chegou a dizer que recebeu contatos de diretores interessados em rodar um longa baseado na obra, mas não deu nome aos supostos bois.

Também merece destaque o projeto gráfico assinado por Luiz Stein, que já havia cuidado do design da biografia anterior de Nelson Motta, Vale Tudo, dedicada a Tim Maia. Aqui, o artista de tom marcadamente pop mergulha em tons de vermelho nas imagens apresentadas no livro e até mesmo em algumas páginas que não possuem qualquer foto. A escolha, aliada às fontes grandes e a escrita leve de Motta, evidenciam a busca por um trabalho de fácil leitura, desvendando aspectos pouco explorados de uma dos maiores expoentes do cinema novo.










quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Gigantes de Aço


Gigantes de Aço (Real Steel, EUA, 2011). Direção de Shawn Levy. Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lilly, Anthony Mackie, Kevin Durand, Hope Davis, James Rebhorn, Marco Ruggeri, Karl Yune, Olga Fonda.


Renato Cordeiro

Um pouquinho de ambição faria bem a Gigantes de Aço. O longa é uma daquelas fábulas com mensagem edificante que se esquece depois de algum tempo, para anos depois suscitar uma nostalgia inofensiva quando volta a ser assistida. É até um trabalho divertido e poderia ser um pouco mais do que isso, mas o roteiro preguiçoso não ajuda.

O longametragem é baseado em uma história de Richard Matheson, o mesmo de Eu Sou a Lenda. O trabalho se encaixa bem na linha do que os cinéfilos balzaquianos dos anos 2010 se acostumaram a classificar como Sessão da Tarde, lembrando bastante um clássico da atração televisiva, Falcão, O Campeão dos Campeões, estrelado por Sylvester Stallone. O esquema é o mesmo: depois da morte da mãe, pai e filho que não se conhecem direito vão trocando experiências e se afeiçoando durante viagens de caminhão e o garoto acaba se envolvendo com uma competição a ser encarada pelo adulto. Em vez de uma disputa de quedadebraço, apresentada no filme de 1987, aqui temos o Real Steel, uma espécie de boxe entre robôs.

Desesperado por dinheiro, Charlie Kenton vende a guarda do filho que mal conhece para a tia do menino, que por causa de uma viagem, terá de deixar Max sob guarda do looser por um mês. É claro que é o tempo que eles precisam para acertar as contas e, gradativamente, desenvolver uma relação afetiva que cresce na medida em que fazem sucesso com um antigo robô de sparring que, adaptado para os confrontos, mostra-se uma boa aposta para o desenganado ex-lutador, vivido com o carisma habitual do ator
Hugh Jackman. Dakota Goyo se sai bem como o filho do protagonista, passando longe da performance desastrosa de alguns atores-mirins que só conseguem despertar antipatia do espectador.

Gigantes de Aço é auxiliado por uma direção competente de Shawn Levy, que consegue fazer com que as lutas entre robôs sejam fáceis de acompanhar, evitando um dos principais problemas de Transformers, no qual mal dava para diferenciar quem batia e quem apanhava. Além disso, o músico Danny Elfman entrega uma trilha sonora eficiente, com temas bem diferentes das partituras góticas e corais que se tornaram a zona de conforto do artista responsável por scores de Batman, de Tim Burton, e Homem-Aranha, de Sam Raimi. Elfman carrega em motivos bem próximos dos que são consagrados no mundo do boxe, com destaque para os metais.

A trama é bem forçosa ao empurrar o garoto para o convívio do pai, e posteriormente, mostra-se pouco convincente ao mostrar a relutância do pai em treinar o robô, como pede o filho. Subitamente, depois de se recusar a fazê-lo, Charlie volta atrás na decisão só por que, aparentemente, se interessou em pôr Max em uma situação constrangedora. Outra falha da trama é fazer com que Clenton, até então um perdedor, comece a se mostrar um sujeito esperto e malicioso quando da companhia do filho, quase como se estivesse se revezando entre os papéis de prudente e inconsequente.

Nota: 6,0 (de dez)










terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Que Diz o Poster Sobre o Filme


Interessante reunião de cartazes de filmes que, divididos em 13 tipos diferentes, sinalizam o perfil do longametragem anunciado. Acima, a categoria Pequenas Pessoas na Praia, Gigantescas Cabeças na Nuvens, relacionada a dramas lacrimejantes como Além da Vida, Ondas do Destino, Íntimo e Pessoal, Cidade dos Anjos e Eternamente Jovem. Mais detalhes aqui.

Dica de Saymon Nascimento, do Esperando Gordard.









segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um Cara Quase Perfeito


Um Cara Quase Perfeito (Man About Town, EUA, 2006). Direção de Mike Binder. Com Ben Affleck, Rebecca Romijn, Bai Ling, Gina Gershon, Samuel Ball, Mike Binder, Adam Goldberg, John Cleese, Erica Cerra, Howard Hesseman, Jerry O'Connell, Kal Penn, Amber Valletta, Damien Dante Wayans, Laura Soltis.


Renato Cordeiro

Não há muito o que dizer de Um Cara Quase Perfeito, já que o próprio filme não diz muito a que veio. Como estudo de um personagem, o longa se encaixa na linha de comédias dramáticas sobre a busca por autoconhecimento, com o esquema básico: uma série de situações deverá resultar em uma tomada de decisão do protagonista, que põe à prova o que a jornada lhe ensinou. Quando tudo mais falha em uma produção como esta, espera-se que pelo menos o trabalho crie uma epifania convincente, o que, sem querer entrar em spoilers, não acontece.

O filme já começa apresentando o elemento deflagrador.
Um bensucedido agente de atores, Jack Giamoro, em um curso de escrita de diários, ministrado por um excêntrico John Cleese. Descobrimos que o personagem de Ben Affleck resolveu assistir às aulas por estar em crise. O casamento está em desgaste e, no trabalho para o qual dedicou a vida, enfrenta dificuldades em fechar novos e importantes contratos em Hollywood. Os problemas nos planos pessoal e profissional passam a afetar um ao outro e, como se não bastasse, um desafeto que Giamoro sequer conhece faz planos para acabar com a carreira do agente.

Um dos recursos mais utilizados para que roteiros hollywodianos funcionem é a criação de identidade entre protagonista e público, quase como se o primeiro pudesse ser um avatar do segundo, que submetido às experiências do personagem, reage à narrativa através de pura empatia. É notório que a construção de Jack Giamoro segue esse princípio. Ao escrever o diário, leva o espectador a mergulhar nos sentimentos do executivo, que sofre
traições e decepções, males de fácil apelo. Tem um pai doente a quem se dedica, mostrando que não é mau caráter, ou pelo menos, não tanto. Ainda assim, o roteiro peca por não convencer o espectador da veracidade e grandeza da transformação do sujeito, cuja grande descoberta final é de uma pieguice medonha.

A embalagem disfarça o conteúdo através da direção maneirística, que utiliza efeitos como divisão de tela e fast motion sem qualquer motivo aparente. Binder, que também assina o roteiro, costura diversas ações paralelas no clímax do filme, com direito a uma cena que remete a Instinto Selvagem, contando até com a trilha original de Jerry Goldsmith. A soundtrack de Um Cara Quase Perfeito, falando nisso, é curiosa, incluindo uma versão de Cucurrucucu Paloma por Fredo Viola, que executa alguns bons temas do longa.

Nota: 5,0 (de dez)










quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Charles Bronson, o Homem da Harmônica



Renato Cordeiro


Se vivo estivesse, Charles Dennis Buchinsky, ou Charles Bronson, completaria hoje 90 anos. O ator se tornou mais conhecido em meados dos anos 70, por filmes policiais que vieram na esteira do sucesso Desejo de Matar. Os longas de qualidade duvidosa consolidaram a imagem de justiceiro de meia idade, capaz de atirar com o cotovelo pouco acima da linha da cintura, sendo a mira, inexplicavelmente, perfeita.

Apesar dos maus exemplares da filmografia, Bronson também participou de obras interessantes, a exemplo de westerns como Sete Homens e Um Destino, longas de guerra como Os Doze Condenados e dramas como Esta Mulher é Proibida. Mas sempre me lembrarei dele pelo que considero seu papel mais importante, o pistoleiro misterioso do monumental Era Uma Vez No Oeste, meu filme favorito, dirigido por Sergio Leone. Guardo na memória as palavras de Saymon Nascimento sobre um duelo brilhantemente orquestrado em dado ponto do filme, a música da Morricone embalando a cena, enquanto vemos Bronson com a vida marcada na cara.









terça-feira, 1 de novembro de 2011

XIV Festival 5 Minutos

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Começa hoje e vai até sábado a edição 2011 do Festival 5 Minutos. São 50 vídeos selecionados, 18 deles da Bahia, todos concorrendo a prêmios que variam entre R$ 6.000 e 10.000.

Mais informações aqui.