segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Mestre da Vida


O Mestre da Vida (Local Color, EUA, 2006) Direção: George Gallo. Com Armin Mueller-Stahl, Trevor Morgan, Ray Liotta, Charles Durning, Samantha Mathis, Ron Perlman, Diana Scarwid, Julie Lott, Tom Adams.


Renato Cordeiro

O Mestre da Vida faz a linha de filmes sobre professores relutantes, que tem entre outros exemplares Procurando Forrester, com Sean Connery, e O Homem Sem Face, com Mel Gibson. Mueller-Stahl vive o recluso pintor Nicholi Seroff, russo que domina a arte representativa e se vê alvo de insistentes pedidos de um jovem artista em busca de conhecimento. Acaba aceitando ter o rapaz como aprendiz e hóspede em uma casa no campo onde se passa a maior parte da história, que é apresentada como semiautobiográfica: o aspirante John Talia está para o diretor e roteirista George Gallo assim como Seroff está para o russo George Cherepov, que foi mentor de Gallo nos anos 70.

O longa resgata memórias de Talia sobre o retiro de estudos com seu professor em uma paisagem convidativa à inspiração. Como seria de se esperar em um projeto como este, a beleza natural em torno dos protagonistas é capturada pelas câmeras de Gallo de modo a fazer jus àquelas emolduradas pelos personagens. Não causa surpresa, assim, que o diretor de fotografia do filme, Michael Negrin, seja também o narrador da história, como a versão madura de John Talia. O alter ego do protagonista, o diretor George Gallo, também ele pintor, é responsável por boa parte das peças apresentadas no longametragem.

O Mestre da Vida é até um bom filme, mas escorrega feio quando mergulha em uma trôpega dialética. Para valorar aquilo que une os protagonistas, a arte representativa, o roteiro sabota as falas e atitudes daqueles que defendem a arte progressiva, fazendo que com torne-se feia, sem sentido e presunçosa. A atuação de Ron Pearlman, exalando desdém como um amigo de Seroff, denuncia a maneira pejorativa como o projeto apresenta este tipo de arte, ou não-arte. Boa parte da produção associada a esse segmento pode até não valer um níquel furado, mas é uma pena que a película não aborde essa oposição de forma mais qualificada.

Nota: 7,0 (de dez)












Nenhum comentário:

Postar um comentário