domingo, 12 de setembro de 2010

Matar ou Morrer


Matar ou Morrer (High Noon, EUA, 1952). Direção de Fred Zinnemann. Com Gary Cooper, Grace Kelly, Lloyd Bridges, Katy Jurado, Lee Van Cleef, Lon Chaney Jr., Ian MacDonald, Thomas Mitchell., Robert J. Wilke.


Renato

Um artigo recorrente em publicações sobre cinema é aquele que trata dos maiores arrependimentos de atores que recusaram determinados papéis. Um caso que vale citar é o de Gregory Peck. O ator declinou do convite para estrelar um culturado faroeste, Matar ou Morrer. Reza a lenda que ele acreditou que seria algo repetitivo, por ter protagonizado outro trabalho do gênero, O Matador, lançado dois anos antes. O papel acabou parando nas mãos de Gary Cooper, que deve ter agradecido.

O longa começa com a cerimônia de casamento do xerife Will Kane, estragada pela notícia de que o maior inimigo dele, Frank Miller, chegará em pouco mais de uma hora a bordo de um trem. O bando do sujeito já o espera na estação, e não é difícil imaginar a primeira coisa que vão fazer quando se reunirem. O homem-da-lei não tem delegados suficientes para enfrentá-lo, e chega a considerar fugir, mas volta à cidade disposto a encarar o malfeitor. Ele tem pouco tempo para conseguir mobilizar os cidadãos a apoiá-lo, tarefa que não será fácil.

O xerife teria sido bem adequado à carreira de Gregory Peck, que se notabilizou por viver homens idealistas de moral elevada. Mas o próprio ator, com a habitual modéstia, afirmou em entrevistas que mesmo se tivesse aceitado o papel, não conseguiria superar a interpretação de Gary Cooper. Desconfio que tinha razão. Tomo a liberdade de usar um termo de Saymon Nascimento, que ele utiliza ao se referir ao desempenho de Charles Bronson em outro renomado western, Era Uma Vez No Oeste. Dizia que Bronson tem a vida do personagem marcada na cara. O caso se aplica bem a Cooper. Cada ruga do homem torna ainda mais crível aquele sujeito que concilia coragem, orgulho, cansaço e desespero.

Como faroeste, Matar ou Morrer não é nem um filme tão icônico assim. A paisagem não chega a ser tão explorada, as cenas de ação se concentram no final da trama e não são lá das melhores. Mas o diretor Fred Zinnemann consegue imprimir tensão ao longo de toda a espera pela chegada de Frank Miller. O longa transcorre em tempo real, apresentando relógios nos cenários regularmente para potencializar a expectativa. Ao mesmo tempo que este é um dos grandes trunfos da obra, revela uma fraqueza, que são as tramas paralelas - necessárias, mas sem muito brilho, especialmente nas cenas rodadas na estação, bastante monótonas.

Nota: 7,0 (de dez)





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