segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Meu Mestre, Minha Vida


Meu Mestre, Minha Vida (Lean On Me, 1989, EUA). Direção de John G. Avildsen. Com Morgan Freeman, Beverly Todd, Robert Guillaume, Alan North, Lynne Thigpen, Robin Bartlett, Michael Beach, Ethan Phillips, Sandra Reaves-Phillips, Sloane Shelton, Tony Todd.


Renato Cordeiro

Um cara errado em um lugar errado parece uma idéia tão errada que pode até dar certo, como demonstra a cinebiografia do educador Joe Clark, Meu Mestre, Minha Vida. O homem é convocado para dar jeito em uma escola marcada pela violência estudantil, a falta de controle dos professores e o descaso da prefeitura. Como um técnico de futebol que cai de paraquedas para salvar o time do rebaixamento, ele é um último recurso para uma situação desesperadora: a Eastside High School está para ser tomada pelo governo do estado, por causa do péssimo desempenho escolar. Ex-professor do centro de ensino, o sujeito autoritário e orgulhoso aceita a missão de se tornar diretor do inferno e fazer com que, em um espaço de menos de um ano, a escola melhore o desempenho em uma prova de conhecimentos básicos.

O filme começa de um jeito pouco inventivo, fazendo uma colagem de cenas de delinquência.
Drogas, volência entre alunos e até contra os professores são apresentadas em um resumo embalado pela canção Welcome to the Jungle, dos Guns N' Roses. A princípio, o espectador pode se perguntar se Meu mestre, Minha Vida será mais um daqueles trabalhos que fazem parecer fácil lidar com um caos que, mais de vinte anos depois, ainda desafia escolas de diversos países. Mas o protagonista, afeito à utilização de métodos pouco ortodoxos, adota ações drásticas que até convencem o público das chances de uma virada de mesa.

Joe Clark é apresentado como um sujeito capaz de incorporar, a um só tempo, paixão pelo trabalho e um pragmatismo carregado de agressividade. Comete vários excessos, pisa nos alunos e subordinados e não demontra arrependimento, mas é sagaz o suficiente para adequar um discurso de incentivo para cada platéia, ainda que a mensagem linha dura seja a mesma. Se o homem parece um típico palestrante motivacional ao cobrar empenho dos alunos, com o dedo indicador em riste, também pode discursar feito um pastor, com as mãos para cima e ritmo de fala característico, quando justifica os próprios atos para os pais dos estudantes, ou como um técnico de futebol, ao exigir que os docentes cumpram com o dever.
Morgan Freeman, a melhor coisa do longametragem, tem aqui um dos melhores papéis da carreira, sem aparentar qualquer esforço.

É inevitável que Meu Mestre, Minha Vida lembre outro trabalho conhecido do diretor John G. Avildsen, Karatê Kid, lançado quatro anos antes. O ajuste disciplinar também rende passagens que tem ao fundo a trilha assinada pelo mesmo músico do longa de 1984, Bill Conti. Já o personagem Joe Clark funciona como uma versão do Sr. Myiagi, ainda que, em vez da arte marcial, use a educação para disciplinar e libertar os pupilos de Eastside. A câmera o trata com a mesma reverência dispensada ao mestre vivido por Pat Morita, especialmente na cena final, que descamba em um sentimentalismo um tanto excessivo.

Nota: 6,0 (de dez)










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