terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um Tira À Beira da Neurose


Um Tira À Beira da Neurose
(Gun Shy, EUA, 2000) Direção de Eric Blakeney. Com Liam Neeson,
Oliver Platt, Sandra Bullock, Jose Zuñiga, Richard Schiff, Andy Lauer, Mitch Pilegi.


Renato Cordeiro

Existem filmes que quase dão certo e por isso mesmo terminam em um lamento, sendo que Um Tira À Beira da Neurose é um caso típico. A comédia policial produzida por Sandra Bullock oscila entre o morno e o decepcionante, especialmente quando descamba para uma conclusão que mergulha em clichês do gênero. É possível que o espectador médio não faça muitas perguntas e engula situações inverossímeis uma vez ou outra, mas o trabalho força a barra e é pouco inventivo.

Uma coisa positiva no filme são as tramas paralelas, que até se desenvolvem melhor do que a história principal, sobre um agente do FBI vítima de algo como um estresse pós-traumático, depois de quase morrer em uma operação na qual trabalhou disfarçado. Mesmo apavorado, Charlie Mayou é convencido a se manter infiltrado na organização como forma de capturar bandidos que estão para fechar um grande negócio criminoso. A partír daí, acompanhamos o personagem de Liam Neeson se dedicando a outras duas situações que se desdobram em paralelo: a paixão pela enfermeira vivida por Sandra Bullock e os desabafos no grupo de terapia do qual participa.

Como na maioria das vezes, o interesse amoroso não passa de um tique nervoso dos roteiros hollywoodianos, que tem sempre que pôr algum romance nas histórias. Pelo menos, em Gun Shy o affair entre Neeson e Bullock colabora com a história, já que as condições em que se encontram ajuda a realçar a fragilidade e transparência involuntária do protagonista. Por sua vez, as sessões coletivas de terapia são uma boa ferramenta para que o espectador tenha mais clareza de quem é o agente, ainda que o recurso se desperdice ao retratar pessoas não muito engraçadas, tornando ainda mais difícil para o filme arrancar um sorriso do espectador.

A grosso modo, Um Tira À Beira da Neurose seria algo como a versão policial de Máfia no Divã, embora o trabalho de Eric Blakeney seja menos inventivo. O roteiro até se desenvolve bem e cria boas sequências, como aquela em que acompanhamos, intercalados, os posicionamentos sobre uma operação criminosa por parte da polícia e dos dois lados da transação. Algo assim também ocorre em uma narração em off de Neeson, quase que apresentando fatos que se passam em uma cena envolvendo dois superiores do agente. A comédia poderia funcionar melhor se tivesse menos soluções óbvias e diálogos mais afiados.

Nota: 5,0 (de dez)










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