quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tiras em Apuros


Tiras em Apuros (Cop Out, EUA, 2010). Direção de Kevin Smith. Com Bruce Willis, Tracy Morgan, Kevin Pollak, Adam Brody, Guillermo Díaz, Juan Carlos Hernández, Ana de la Reguera, Sean William Scott.


Renato Cordeiro

A paródia não compensa. Um filme, para ser bom, precisa de mais do que isso, tem de funcionar a despeito das referências, das homenagens, do saudosismo. É claro que elementos como estes podem favorecer a apreciação, mas operam como igredientes que não determinam o sabor do prato. Tiras em Apuros sofre desse mal, esse não-cinema, sendo um dos piores exemplares das filmografias do ator Bruce Willis e do diretor Kevin Smith.

Curiosamente, o roteiro de Robb Cullen e Mark Cullen foi retirado da chamada Black List, que reúne os melhores roteiros não realizados em Hollywood. É a história de dois policiais, parceiros de longa data, que buscam uma antiga e valiosa figurinha de baseball, batendo de frente, no processo, com um grupo de criminosos. Há muito espaço para situações nonsense e talvez, se a filmagem seguisse o que estava no papel mais à risca, o trabalho teria sucesso. Mas não demora para se perceber que grande parte dos problemas de Tiras em Apuros está nas improvisações cômicas amarradas ao longo da história. O cineasta Kevin Smith apostou na espontaneidade do elenco, especialmente na de Tracy Morgan e Sean William Scott, para tentar extrair humor, obtendo resultados, no mínimo, irregulares.

Morgan, como o parceiro falastrão de Bruce Willis, busca fazer graça basicamente com sexo, grosseria e escatologia, que poderiam até funcionar, mas com ele descambam em um humor adolescente, senão infantil, mesmo. É um alívio cômico em um filme que não precisa disso, ou pelo menos não precisa em tão altas doses, já que se trata de uma comédia de ação, na qual as próprias situações já tendem a render parte das risadas. Assim, Morgan, um sujeito de rosto expressivo e naturalmente engraçado, se torna um elemento exagerado, acentuadamente maneirístico. Scott se sai melhor, por ter falas menos irritantes e possuir um talento mais lapidado, ainda que não seja, nem de longe, brilhante.

As tramas paralelas não empolgam nem tornam os personagens centrais mais interessantes. As cenas de ação, que já não eram especialidade de Kevin Smith, variam entre as enfadonhas e as corretas, com direito a uma tediosa perseguição de carros em um cemitério. Na verdade, os clichês remeteriam aos anos 80, década cujas comédias policiais o cineasta pretende reverenciar, mas as
manjadas situações apresentadas ao longo da trama poderiam ser associadas mesmo a alguns filmes contemporâneos, desses que fazem algum burburinho quando lançados para depois cair em merecido esquecimento.

Nota: 4,0 (de dez)










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