segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um Cara Quase Perfeito


Um Cara Quase Perfeito (Man About Town, EUA, 2006). Direção de Mike Binder. Com Ben Affleck, Rebecca Romijn, Bai Ling, Gina Gershon, Samuel Ball, Mike Binder, Adam Goldberg, John Cleese, Erica Cerra, Howard Hesseman, Jerry O'Connell, Kal Penn, Amber Valletta, Damien Dante Wayans, Laura Soltis.


Renato Cordeiro

Não há muito o que dizer de Um Cara Quase Perfeito, já que o próprio filme não diz muito a que veio. Como estudo de um personagem, o longa se encaixa na linha de comédias dramáticas sobre a busca por autoconhecimento, com o esquema básico: uma série de situações deverá resultar em uma tomada de decisão do protagonista, que põe à prova o que a jornada lhe ensinou. Quando tudo mais falha em uma produção como esta, espera-se que pelo menos o trabalho crie uma epifania convincente, o que, sem querer entrar em spoilers, não acontece.

O filme já começa apresentando o elemento deflagrador.
Um bensucedido agente de atores, Jack Giamoro, em um curso de escrita de diários, ministrado por um excêntrico John Cleese. Descobrimos que o personagem de Ben Affleck resolveu assistir às aulas por estar em crise. O casamento está em desgaste e, no trabalho para o qual dedicou a vida, enfrenta dificuldades em fechar novos e importantes contratos em Hollywood. Os problemas nos planos pessoal e profissional passam a afetar um ao outro e, como se não bastasse, um desafeto que Giamoro sequer conhece faz planos para acabar com a carreira do agente.

Um dos recursos mais utilizados para que roteiros hollywodianos funcionem é a criação de identidade entre protagonista e público, quase como se o primeiro pudesse ser um avatar do segundo, que submetido às experiências do personagem, reage à narrativa através de pura empatia. É notório que a construção de Jack Giamoro segue esse princípio. Ao escrever o diário, leva o espectador a mergulhar nos sentimentos do executivo, que sofre
traições e decepções, males de fácil apelo. Tem um pai doente a quem se dedica, mostrando que não é mau caráter, ou pelo menos, não tanto. Ainda assim, o roteiro peca por não convencer o espectador da veracidade e grandeza da transformação do sujeito, cuja grande descoberta final é de uma pieguice medonha.

A embalagem disfarça o conteúdo através da direção maneirística, que utiliza efeitos como divisão de tela e fast motion sem qualquer motivo aparente. Binder, que também assina o roteiro, costura diversas ações paralelas no clímax do filme, com direito a uma cena que remete a Instinto Selvagem, contando até com a trilha original de Jerry Goldsmith. A soundtrack de Um Cara Quase Perfeito, falando nisso, é curiosa, incluindo uma versão de Cucurrucucu Paloma por Fredo Viola, que executa alguns bons temas do longa.

Nota: 5,0 (de dez)










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