segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Lemon Tree


Lemon Tree (Etz Limon, Israel, Alemanha, França, 2008) Direção de Eran Riklis. Com Hiam Abbass, Doron Tavory, Ali Suliman, Rona Lipaz-Michael, Tarik Kopty, Amos Lavi, Amnon Wolf, Smadar Jaaron, Danny Leshman, Hili Yalon.


Renato Cordeiro

Uma pequena fábula sobre as relações de poder toma lugar na propriedade de Salma Zidane, uma viúva palestina que vê seu limoeiro ameaçado pelo novo vizinho: ninguém menos do que o Ministro da Defesa de Israel. O argumento é o de que as árvores encobrem parte do perímetro da propriedade do sujeito, o que oferece risco à segurança. A partir daí, Zidane trava uma batalha na justiça para manter a plantação de pé. E o que era para ser um simples caso do tipo Davi Vs Golias ganha repercussão midiática e proporções políticas.

Salma está ciente da própria insignificância dentro do grande plano das coisas, morando em um território ocupado, mas encara o desafio de peitar o Ministro da Defesa. "Já tive tristeza demais na vida", desabafa ao jovem advogado que pergunta por que a cliente quer apelar para levar o caso adiante. E ainda que por vezes otimista, o longa denuncia uma séria dificuldade enfrentada por quem busca se defender em um local que não conta com soberania, apresentando a Autoridade Palestina como uma entidade de pouca serventia.

Filmes como A Culpa É de Fidel, Adeus Lênin! e este Lemon Tree mostram situações políticas retratadas no microcosmo de protagonistas simples, à mercê da História. E se nos longas citados temos protagonistas femininas, como a menina rebelde do primeiro e a mãe desorientada do segundo, a mulher vivida pela bela Hiam Abass se diferencia, entre outras coisas, por sofrer ainda pressões de gênero. Ela encontra um advogado que se prontifica em ajudá-la e os dois se apaixonam, mas o (ex)cunhado a ameaça para que não "desonre" a memória do falecido. Não por acaso, será em uma figura feminina que a protagonista encontrará o apoio mais valioso: a própria mulher do ministro, vivida por Rona Lipaz-Michael.

Com direção discreta, que dá espaço para o silêncio e a gestualística resignada da personagem principal, o cineasta Eran Riklis constrói um drama no qual a resistência é quase uma forma de tocar a vida, sendo a justiça a via de combate. E nessa curiosa jornada que enaltece a importância das instituições, do aparato jurídico mesmo em situações de conflito, encontra em Abass uma atriz capaz de retratar com perfeição a dignidade da protagonista frente a uma grande adversidade.

Nota: 7,0 (de dez)










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