terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras


Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, EUA, 2011). Com Robert Downey Jr., Jude Law, Jared Harris, Noomi Rapace, Stephen Fry, Kelly Reilly, Geraldine James, Rachel McAdams, Eddie Marsan, Paul Anderson.


Renato Cordeiro

É bem verdade que Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras supera o primeiro filme, mas isso não quer dizer que se trate de um trabalho muito melhor. A sequência mantém a trama rasa, cenas de luta por vezes confusas e a interação entre Downey Jr. e Law continua marcada por diálogos rápidos que parecem tentar mascarar as falas de qualidade irregular. Por outro lado, entre os pontos positivos, o longa consegue um feito um tanto incomum, que é melhorar ao longo da segunda metade.

A curva ascendente de O Jogo das Sombras acontece, entre outros motivos, por uma aposta na própria mitologia da cinessérie, ainda no segundo capítulo. Já sabemos que o roteiro terá várias cenas em flashback que mostrarão como Sherlock Holmes premedita as ações e sabota as dos adversários, e o longa consegue apresentar estas passagens de forma ainda mais divertida, a exemplo de uma passagem dentro de um trem.
Essa idéia também rende um bom momento no final do filme, quando as expectativas do protagonista são quebradas diante do seu arquiinimigo, Moriarty, vivido com adorável fleuma britânica pelo ótimo Jared Harris.

Sem entregar detalhes do filme, vale apontar que é também no final que acontece a melhor utilização de um recurso típico do cinema de Guy Ritchie, o voice over, quando a narração dos atores conduz a apresentação de uma cena da qual não participam. A qualidade das interpretações e a edição correta garantem o sucesso da passagem, marcada por uma tensão crescente. Por outro lado, Ritchie escorrega em certos maneirismos. Um deles,
próprio da franquia, é a adoção de câmera lenta e som distorcido, que tem como exemplo a fuga dos heróis por um bosque onde são atacados até por tiros de morteiros, lembrando muito a correria de Downey Jr. em meio a uma série de explosões no longametragem anterior.

E se estamos falando de um filme com um autêntico Sherlock Holmes, cabe uma discussão à parte. A caraterização continua sendo a de uma espécie de James Bond vitoriano, mas isso não é necessariamente algo que deprecia O Jogo das Sombras, que poderia ser fiel aos livros de Conan Doyle e continuar sendo uma diversão esquecível. E falando em diversão, destaque para a cena de Downey como um relutante cavaleiro, com direito a uma trilha que remete ao tema de Ennio Morricone para Os Abutres Têm Fome.

Nota: 5,0 (de dez)










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