domingo, 1 de janeiro de 2012

Missão Impossível - Protocolo Fantasma


Missão Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible - Ghost Protocol, EUA, 2011). Direção de Brad Bird. Com Tom Cruise, Jeremy Renner, Simon Pegg, Paula Patton, Michael Nyqvist, Vladimir Mashkov, Anil Kapoor, Léa Seydoux, Josh Holloway, Tom Wilkinson, Michelle Monaghan, Ving Rhames.

Renato Cordeiro

O diretor da animação Os Incríveis começa a carreira de obras live action com pé direito, fazendo do quarto Missão Impossível uma diversão leve e eficiente. O longa reafirma uma clara diferença com os filmes do agente 007, ou pelo menos aqueles que antecederam Cassino Royale. Se as aventuras de James Bond jamais primavam por uma dimensão autoral do cineasta sobre os filmes e cada longa parecia bastante com o anterior,
a franquia inspirada na telessérie setentista ganhou, em cada capítulo, um tom característico do "diretor da vez". Assim, Brian De Palma destila toda a bagagem hitchcokiana, John Woo injeta cenas de ação mirabolantes e estilizadas, J.J. Abrams capricha na carga emocional e, em Protocolo Fantasma, Brad Bird aposta no bom-humor. E ainda que não seja um primor em criatividade, o trabalho vale o ingresso e sinaliza uma retomada de fôlego para a cinessérie.

Aliás, fôlego é o que não falta para o protagonista, o agente Ethan Hunt, vivido pelo quase cinquentão Tom Cruise com direito a muita correria e proezas físicas que dispensaram dublês. Felizmente, o ator tem aqui um papel que é mais do que apenas um conduíte para as sequências carregadas de adrenalina. Hunt é um tanto mais complexo, um tanto mais humano, ainda que seja um típico herói de ação. Este é um dos elementos positivos do quarto Missão Impossível, que também ganha pontos ao aproximar a franquia da sua fonte de origem, a homônima série setentista, cujas tramas tinham à frente uma equipe, e não apenas o líder, como vinha acontecendo nos três primeiros filmes. Ainda que Cruise tenha mais destaque, é notório o espaço maior concedido aos colaboradores do agente Ethan Hunt.

Naturalmente, a opção por um tom mais descontraído rende farta munição para o talento de Simon Pegg, que volta a desempenhar bem o papel de alívio cômico. Na pele do agente Benji Dunn, ele é responsável pelas bugigangas capazes de proezas típicas dos filmes de 007 e que serão usadas pelo grupo formado ainda pelo misterioso William Brandt, vivido por Jeremy Renner, e Jane Carter, papel de Paula Patton. Renner, apontado como possível sucessor de Cruise em uma provável extensão da franquia, se sai bem no papel de um assessor especial da agência IMF que possui um passado ligado ao de Hunt. Não que a carga dramática e as interações de personagens sejam brilhantes, mas são convincentes e não causam atrito com a história.

Desta vez, os heróis tem de impedir que um terrorista consiga pôr as mãos em códigos de lançamentos de mísseis que podem dar início a uma guerra nuclear... mas na verdade, a trama pouco importa. O plot segue o padrão de um típico filme de espionagem, amarrarando maravilhas tecnológicas, locações internacionais, bailes de gala e um vilão que ameaça o mundo. O preço que o Protocolo Fantasma paga pela trama pouco envolvente é a perda de ritmo na segunda metade do longa, marcada sobretudo por uma tediosa perseguição de carros - aliás, este cinéfilo diria que sequências automobilisticas são o Calcanhar de Aquiles dos filmes de ação, com exceções honrosas como a de Ronin, com Robert De Niro.

No geral, o saldo
de Protocolo Fantasma é positivo. As situações são bem orquestradas por Brad Bird, que demonstra sobriedade com as passagens de ação desde o começo do filme, durante a fuga em uma prisão. O diretor também se sai bem em cenas mais tensas como as que ocorrem na Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo. É onde os agentes tentarão se passar, ao mesmo tempo, por comprador e vendedor para enganar, em separado, as duas partes de uma transação que precisam impedir. Por sua vez, o roteiro, apesar de pecar pela mediocridade do plot, se sai bem ao trabalhar alguns detalhes, como os óculos de escalada de Hunt. Destaque ainda para o epílogo, que faz boa conexão com o capítulo anterior e mostra um bem-vindo esforço de humanização do protagonista. Lembrou alguns bons momentos dos filmes de Jason Bourne, guardadas as devidas proporções.

Nota: 7.0 (de dez)










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