domingo, 24 de abril de 2011

Família Rodante


Família Rodante (Familia Rodante, Argentina/Alemanha/Brasil/Espanha/França/Reino Unido, 2004). De Pablo Trapero. Com Graciana Chironi, Nicolás López, Liliana Capurro, Ruth Dobel, Marianela Pedano, Bernardo Forteza, Elías Viñoles, Carlos Resta, Laura Glave, Sol Ocampo, Leila Gomez, Federico Esquerro.


Renato Cordeiro

O filme de Pablo Trapero começa com uma dedicatória: à minha família rodante. É o que basta para o espectador, embalado por um som de violão, prever rapidamente que vai partilhar de uma experiência íntima, proposta cumprida pelo cineasta argentino. O tom é documental, gravado em boa parte do tempo com a boa e velha câmera na mão, recurso tão caro a este tipo de projeto que busca aproximar o público do objeto filmado - no caso, uma família que, liderada pela matriarca, segue em viagem estrada afora para comparecer a um casamento.

O filme não tem medo de causar eventual aversão de quem assiste cada integrante do grupo que, assim como na vida real, tem seus defeitos. Mesmo a anciã, Emília, que é inegavelmente o elo de ligação e de força dos membros daquele grupo, também será mostrada em momentos de vaidade, carência e irritação. Ao longo da jornada, os conflitos entre filhos, irmãos, cunhados, netos e primos se tornam cada vez mais evidentes e passionais, de uma forma que talvez seja um bom retrato de um jeito latino de ser família, diferente do que se percebe em longas também de qualidade como Pequena Miss Sunshine, lançado dois anos depois.

Curiosamente, mesmo com todos os dissabores da convivência desnudada diante do espectador, existe algo de cativante a bordo do trailer cada vez mais sujo de lama e poeira, desde o momento em que o veículo começa a deixar a cidade, ao som da música tema de Leon Gieco. Família Rodante carrega o espectador para dentro do Chevrolet Viking 56 e o faz partilhar das brigas, abraços, e da alegria em superar dificuldades, enquanto o carro segue viagem.

Nota: 7,0 (de dez)










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