sexta-feira, 29 de abril de 2011

Thor


Thor (EUA, 2011). Direção de Kenneth Branagh. Com Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins, Stellan Skarsgård, Kat Dennings, ,lark Gregg, Idris Elba, Colm Feore, Ray Stevenson, Tadanobu Asano, Josh Dallas, Jaimie Alexander, Rene Russo.


Renato Cordeiro

O filme sobre o Deus do Trovão pode despertar saudade do polêmico Hulk, de Ang Lee. Alguns acusam o diretor de O Tigre e O Dragão de imprimir um ritmo lento demais, com exagero nos aspectos dramáticos e psicológicos do atormentado cientista Bruce Banner. Mas gostando ou não do longametragem, o espectador certamente reconhece que o cineasta tentou fazer algo diferente, em vez de mais um típico filme de super-heróis, ao contrário do que se pode dizer do igualmente renomado colega Kenneth Branagh em Thor. Quando o realizador de adaptações de Hamlet e Henrique V foi convidado para assumir o projeto
a expectativa foi grande, já que a bagagem shakesperiana viria a calhar em uma história sobre um deus nórdico que é exilado pelo próprio pai sem saber que está em uma missão de autodescoberta e redenção. Mas ficou só na promessa, mesmo.

Tudo parece atropelado e pouco convincente. Um filme sobre criaturas superpoderosas exige que o espectador não seja muito rigoroso em cobrar que as coisas façam sentido, mas o filme força a barra. Em um passe de mágica, Thor vai parar em uma cidadezinha dos EUA aos pés de uma equipe de cientistas que, de uma só tacada, inclui a garota que é seu interesse amoroso e um sujeito de ascendência nórdica, que compreende sua mitologia. Curiosamente, o Deus do Trovão fala inglês e não parece ter dificuldade em se relacionar com pessoas que, em tese, são tão diferentes dele.

O herói não sabe, mas Odin, em sua infinita sabedoria, quer que aquilo sirva de experiência para o filho, para que mude sua postura arrogante e insensível. Mas, spoilers à parte, o elemento que causa a mudança do personagem é simplória, e não se dá pela convivência com aquelas pessoas, mas sim um dispositivo mágico criado pelo pai, que mais lembra a lenda do Rei Arthur. Em dado momento do filme, o protagonista, voltará a encarar o irmão invejoso, Loki, que pergunta "O que houve na Terra para você ter mudado tanto?" Provavelmente, o espectador tem a mesma pergunta.

Talvez o principal problema de Thor esteja não na opção, mas no modo do chamado filme de origem, aquele em que não apenas interessa à trama o plot em si, mas também contar a história do protagonista. É preciso dedicar tempo e uma estrutura narrativa adequada para desenvolver um personagem em um trabalho deste tipo.
Em Batman, O Filme, Tim Burton eo roteirista Sam Hamm preferiram entrar de vez no chamado elemento desencadeador da trama, o surgimento do Coringa, e explicar a origem do Homem Morcego por flashback's e diálogos entre personagens, sobretudo através da repórter Vick Vale, interesse romântico do milionário Bruce Wayne. Já a versão de Christopher Nolan para o mesmo herói, Batman Begins, preferiu contar a trajetória do protagonista, investindo quase metade do longametragem à história do herói, apostando em elipses e narração em off para dar agilidade ao processo e não torná-lo cansativo. E sem precisar usar a velha desculpa de que o filme de origem é assim mesmo, e que o segundo longametragem será melhor.

Nota: 5,0 (de dez)










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