domingo, 1 de maio de 2011

72 Horas


72 Horas (The Next Three Days, EUA/França, 2010). Direção de Paul Haggis. Com Russell Crowe, Elizabeth Banks, Michael Buie, Olivia Wilde, Brian Dennehy, Helen Carey, Liam Neeson, Daniel Stern.


Renato Cordeiro

Uma expressão muito usada quando se comenta uma produção cinematográfica é o ator fulano carrega o filme nas costas. A frase trata de qualquer trabalho que tem no desempenho do intérprete o motivo para que o espectador permaneça na sala de cinema. Seria uma injustiça fazer isso com 72 Horas, que tem bom ritmo, é bem filmado e apresenta uma trama até interessante. Mas que Russell Crowe é um fator importante para o sucesso do longametragem, isso é.

Crowe intepreta John Brennan, um pacato professor de história que vê a vida ficar de pontacabeça quando a esposa, Lara, é presa sob acusação de assassinato. Ela é condenada e durante anos o marido tenta libertá-la, enquanto procura criar o filho e evitar que hostilize a mãe, alvo frequente de comentários na escola. Mas quando o advogado perde as esperanças de conseguir tirá-la das grades, Brennan parte para uma medida desesperada: executar um plano de fuga para a mulher.

O roteiro é competente em dar ao filme uma certa credibilidade, com um discurso de que dedicação, inteligência e coragem podem tornar possível o inacreditável. John traça os planos de de fuga de maneira meticulosa, sem o conhecimento de Lara e, em um dos melhores momentos da película, se encontra com um homem que cometeu a façanha de fugir de prisões várias vezes. É uma breve mas agradável participação de Liam Neeson no seu papel mais consagrado: o de mentor.

Russell Crowe domina o papel com maestria, fazendo do personagem um sujeito cativante pelo amor incondicional pela esposa e pela evidente fragilidade e medo diante da própria decisão. O diretor tem tanta segurança do desempenho do intérprete que não hesita em fechar vários planos no rosto angustiado que dá vida a John Brennan. Uma das cenas mais interessantes neste sentido é aquela que se passa dentro do carro do professor, que precisa recorrer a métodos perigosos para conseguir financiar a empreitada. Cumprida a missão, já dentro do veículo, a câmera mantém um longo planosequência no rosto de Crowe, que só precisa das expressões faciais para descrever toda a narrativa à sua frente.

Seria ótimo se o roteirista e diretor Paul Haggis tivesse se dado ao trabalho de dar um tratamento à altura para Lara, que não é muito mais do que a esposa na prisão. Ao contrário, o filme chega a criar uma sequência absolutamente forçada em uma rodovia, que deixa o espectador até mesmo duvidando da sanidade da personagem. Pior do que isso, só a cena final, uma desnecessária prestação de contas de 72 Horas com a consciência do público que torcia por um final feliz.

Nota: 7,0 (de dez)










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