segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nós, As Mulheres



Nós, As Mulheres (Siamo Donne, Itália, 1966). Direção de Gianni Franciolini, Alfredo Guarini, Roberto Rossellini, Luchino Visconti, Luigi Zampa. Com Ingrid Bergman, Anna Magnani, Isa Miranda, Alida Valli, Anna Amendola, Emma Danieli.


Renato Cordeiro

Nós, As Mulheres é ao mesmo tempo uma obra de metalinguagem e um tributo a quatro estrelas do cinema, produção feminina dirigida por homens, sensível e divertida. São cinco episódios reunidos em torno do filme dentro do filme, chamado Quatro Atrizes e Uma Esperança, que dá nome à primeira parte do longa.

O capítulo de abertura, dirigido por
Alfredo Guarini, registra o concurso para escolha de uma nova atriz para o filme que vai mostrar quatro histórias vividas por quatro atrizes famosas, extraídas do cotidiano das próprias. O espectador é apresentado à frustração e perseverança das candidatas e à seleção que tem ares de linha de montagem industrial. A partir daí, seguem quatro episódios intitulados com os nomes das respectivas protagonistas: Alida Valli, de Franciollini, Ingrid Bergman, de Rossellini, Isa Miranda, de Zampa, e Anna Magnani, de Visconti, nesta ordem.

Dois curtas têm em comum os dissabores da vida de celebridade. Alida Valli está entediada só de pensar em um baile ao qual compareceria apenas para estabelecer contatos profissionais, que coincide com a festa de noivado de uma amiga, para a qual também foi convidada. A pergunta de um repórter sobre as opiniões quanto ao neorrealismo é a deixa para a atriz, que tem dificuldade para responder de improviso, procurar de imediato o segundo evento. "É preciso parecer inteligente a qualquer custo", diz na narração em off. É na festa mais humilde que Valli vai se dar conta da falta que sente de coisas mais simples. Já Isa Miranda começa seu episódio em tom de autossuficiência, mas ao retornar de um compromisso, se depara com um menino ferido em uma brincadeira e o socorre. O fato vai fazê-la perceber um universo do qual abriu mão e mergulhar a intérprete em melancolia.

Por sua vez,
Ingrid Bergman e Anna Magnani dão o tom cômico da colagem de curtas. A primeira tem o capítulo mais fraco, mas diverte, afinal, ver a Ilsa Lund de Casablanca correr atrás do frango da vizinha não é pouca coisa. "Eu disse que era uma história ridícula!", sentencia. Magnani também tem uma desventura zoológica, ao embarcar em um táxi com um cachorro de estimação. O motorista e a atriz de pavio confessamente curto se envolvem em um duelo de vontades capaz de mobilizar todo o efetivo policial da cidade, quando o primeiro cobra uma taxa extra pelo bicho. Ao final, a impressão é de que algo poderia ser melhor amarrado entre os episódios, dado um certo gosto de quero mais. Mas pode ser a impressão de um cinéfilo que, em face destas quatro estelas, tem saudade do que não viveu.

Nota: 7,0 (de dez)










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