quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quero Ser John Malkovich


Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, EUA, 1999). Direção de Spike Jonze. Com John Cusack, Cameron Diaz, Catherine Keener, John Malkovich, Orson Bean, Mary Kay Place, Ned Bellamy, Charlie Sheen, Sean Penn, Brad Pitt.


Renato Cordeiro

Quero Ser John Malkovich não é o primeiro filme a trazer um ator interpretando a si próprio, mas é um dos que mais chamou atenção. Não tanto pelo tema em si, mas por que foi a produção com a qual o gênio excêntrico do roteirista Charlie Kauffman chutou o pau da barraca com um surrealismo atípico para o cinema hollywoodiano.

As bizarrices da trama encontraram no cineasta Spike Jonze um tradutor bem adequado. Talvez, nas mãos de um Terry Gilliam, as imagens ganhassem contornos mais psicodélicos, mas Jonze prefere manter um tom mais sóbrio no modo de filmar, apostando em paletas frias e sombrias, tornando a experiência ainda mais surreal. O elenco faz a parte que lhe cabe, em especial o trio central vivido por Cusack, a esposa Diaz e a colega sexy Keener, além do próprio Malkovich.

Cusack faz Craig Schwartz, um apaixonado por títeres e loser profissional, que depois de longo período sem trabalho, aceita o emprego de arquivista em uma firma bem incomum. É lá que ele descobre um estranho portal que leva o usuário a possuir o corpo do ator John Malkovich. Durante cerca de 15 minutos, será possível ver, ouvir e sentir tudo o que se passa com o famoso ator, como um tipo de reality show in loco. O inusitado procedimento se torna um lucrativo negócio para Schwartz e a colega de trabalho Maxine, uma mulher sexy que desperta uma paixão avassaladora não apenas no novo funcionário, como também na esposa dele, Lotte.

À medida que a trama se desenvolve, ganha ares cada vez mais estapafúrdios, fazendo com que a mente de Malkovich se torne uma espécie de palco para um estranhíssimo triângulo amoroso entre os protagonistas. Keener, como a mulher fatal, é a arquiteta de um jogo de poder que serve de fio condutor à narrativa. Malkovich, como o ator que é continuamente possuído, dá conta do recado com a habitual competência. Ele protagoniza momentos particularmente engraçados na segunda metade do longa, quando é apresentada uma fictícia cobertura jornalística sobre a carreira do intérprete. Não é exatamente um filme para agradar, ao menos não pelo jeito convencional. O interesse, aqui, é inquietar o público com uma trama bem bizarra.

Nota: 7,0 (de dez)










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