quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cinema, Custo e Benefício



Infelizmente, a boa vontade em dar uma chance a um longametragem feito a toque de caixa nem sempre é recompensada. Tentei - e ainda tento - assistir um desses colossos que me atraiu pela idéia inusitada. A Terra do Tio Sam fez a segunda vinda de um Jesus Cristo cascagrossa que enfrenta as forças do mal à base da pancadaria. O título dispensa maiores comentários: Jesus Christ Vampíre Hunter.

Sinta o drama em apenas uma cena, em que o Nazareno encara uma horda de ateus.






Sempre desconfiei que os bons filmes trash são aqueles que não têm intensão de se enquadrar na categoria, nem exigem do espectador uma postura complacente. A sétima arte tem vários exemplos de realizações que compensaram dificuldades financeiras com soluções criativas e boas histórias. Um caso famoso é a estréia do cineasta Sam Raimi, o cultuado Evil Dead. Há bons sustos, câmera alucinante, humor sádico e um volume de sangue que nada fica a dever para um episódio de Cavaleiros do Zodíaco. Conquistou vários prêmios importantes do cinema de horror, duas sequências bacanas e até um musical. A legião de fãs do longa inclui o escritor Stephen King. Custou algo em torno de 200 mil dólares, arrecadados por empréstimos em bancos e com amigos e familiares do trio à frente do clássico, que inclui o produtor Robert Tapert e o ator Bruce Campbell.

Uma entrevista com Sam Raimi dava conta de que a escolha por fazer um filme de horror vinha da certeza de que, por pior que fosse, o longa seria exibido em alguma sala de cinema dos Estados Unidos. A repercussão pôs o cineasta em destaque e abriu caminho para uma carreira marcada por longas como Darkman e Arraste-Me Para o Inferno, além da trilogia do Homem-Aranha.




Vale lembrar ainda outra estréia modesta mas bem-sucedida, a de Robert Rodriguez. El Mariachi, filme de 1992, foi feito com módicos 7 mil dólares. A história em tom de faroeste macarrônico apresenta um músico que é confundido com um assasssino profissional. A trama é contada com bom humor, ritmo agil e enquadramentos criativos. Teve duas sequências estreladas por Antonio Banderas: A Balada do Pistoleiro e Era Uma Vez No México.




Impossível não citar A Bruxa de Blair, de 1999, considerado a melhor relação custo-benefício da história do cinema. Gastou 60 mil dólares e arrecadou mais 249 milhões em todo o mundo - graças, em boa medida, a uma jogada de marketing que soube aproveitar as potencialidades da internet, um feito não muito comum para a época. Os realizadores anunciaram o longa como se fosse um documentário de real sobre três jovens cineastas que desapareceram depois de tentar encontrar a tal bruxa.




Quanto ao Brasil, a onda de filmes de baixo custo não é exatamente uma novidade, embora, evidentemente, os títulos não consigam a mesma projeção. Um exemplo recente é Capital dos Mortos. A julgar pelo trailer, temos um longo caminho pela frente.





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