segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ilha do Medo


Ilha do medo (Shutter island, EUA, 2010) Dirigido por Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Max Von Sydow, Michelle Williams, Elias Koteas.


Bee

Logo nos primeiros quinze minutos de exibição de Ilha do Medo, que talvez seja o melhor dos quatro filmes que assisti no cinema desde novembro, eu pensei: "É incrível, que direção elegante!". E é essa a sensação que me permeou durante todo o filme: a de estar degustando uma obra de extrema elegância, um vinho requintado.

Na ilha Shutter existe um presídio para criminosos insanos. Um dos 'pacientes' some. E dois policiais federais, DiCaprio e Ruffalo vão investigar esse desaparecimento. Aos poucos vão descobrindo, pista após pista, que algo muito errado está acontecendo ali.

Longe de ser perfeito - seu renomado diretor, o novaioquino Martin Scorsese dá umas poucas derrapadas aqui e ali - Shutter Island é um filme envolvente, coeso, tenso na medida, visual e ao mesmo tempo psicologicamente torturante. Você sabe em seu íntimo que o final não é óbvio, que deve haver alguma reviravolta, e você sente, mesmo sem ter certeza, de que as pistas estão todas ali.

E estão. Se trata apenas de tentar sentir qual é a verdade.

O filme é escuro, detalhista, utiliza técnicas narrativas e cinematográficas clássicas, e tem uma trilha sonora marcante e às vezes até chamativa. Eu não gosto até hoje do Leonardo DiCaprio, mas ele não faz feio, não. Prefiro ver o Ben Kingsley em cena, sempre um presente, e o que é aquela participação do Max Von Sydow? Um show em poucos minutos. Aliás, todo o notável elenco do filme está impecável, regido com maestria pelos dedos habilidosos de Scorsese.

O ponto forte, fortíssimo do filme é o roteiro complexo e sutil de Laeta Kalogridis. Não é à toa que esse filme se tornou rapidamente o queridinho das platéias no mundo todo.

Pra assistir: Num cinema frio, numa noite chuvosa.

Frase do filme: "O que seria pior, viver como um monstro ou morrer como um homem bom?"


Renato

O que há de mais interessante em Ilha do Medo não é a história apresentada ou o bom elenco, mas a direção de Martin Scorsese. O clima é soturno, as sombras contornam os personagens, a luz dá um tom psicótico ao olhar e mesmo cenas à luz do dia ganham um tratamento intimidador. Um exemplo é aquela em que os policiais Leonardo Dicaprio e Mark Ruffalo chegam ao sanatório da Ilha Shutter, onde uma paciente supostamente desapareceu. A trilha é carregada, excessiva, uma ameaça que se consolida à medida que a câmera se aproxima e leva o espectador a passar por cada um dos portões de acesso.

Recentemente, vi trechos de um extenso documentário em que Scorsese fala do cinema estadunidense, uma espécie de resumão de como esta arte surgiu e se fortaleceu na Terra do Tio Sam. É um sujeito absolutamente apaixonado pelo que faz, e devotado aos homens e mulheres que fizeram esta indústria. Ilha do Medo, como outras obras dele, é uma homenagem - neste caso específico, voltada particularmente aos diretores que marcaram o cinema de suspense a partir dos anos 20.

Confesso que conheço poucos filmes do cineasta, mas ele desperta cada vez mais interesse, não apenas deste reles mortal que aqui escreve, como do público em geral. Ilha do Medo já é considerado um dos maiores sucessos de bilheteria de Martin Scorsese, e ajudou a solidificar a carreira de Leonardo DiCaprio. O ator tem ótimo desempenho e reprisa a parceria ocorrida em Os Infiltrados, O Aviador e Gangues de Nova York. Caiu nas graças de um dos mais respeitados diretores em atividade. Não é pouco.

Nota: 7,0 (de dez)



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