domingo, 8 de agosto de 2010

Mary and Max


Mary e Max (Mary and Max, Australia, 2009). Direção de Adam Elliot. Com vozes de Toni Colette, Phillip Seymour-Hoffman, Eric Bana e Barry Humphries.


Bee

Assisti Mary and Max após ver o Pablo Villaça comentando no twitter que esta era a melhor animação do ano passado. Num ano de ótimas animações, como Up! e Era do Gelo 3, ouvir este comentário sobre um filme desconhecido, de um dos meus críticos preferidos de cinema, me deixou bastante curiosa. Assisti. E não me arrependi.

Mary and Max não é uma animação para crianças, e talvez por isso não tenha atingido um público grande. Mas nem por isso deixa de ser um filme incrível.

Mary é uma garotinha australiana solitária dentro de uma família disfuncional. Seu mundo é em tons de marrom, sua cor preferida – literalmente, já que o sépia é a cor predominante usada nas passagens que apresentam a personagem. Sua visão de mundo é bastante peculiar, assim como sua curiosidade. E de forma bastante peculiar, também, ela descobre a existência do ex-judeu novaiorquino Max, com quem começa a trocar cartas. O mundo de Max, igualmente solitário e disfuncional, é ainda mais sem vida do que o de Mary, mostrado sempre em branco e preto.

A apresentação dos personagens Mary e Max é genial, e descreve suas formas de pensar e se relacionar com o mundo de maneira ao mesmo tempo singela, poética, amarga e irônica. É belo e triste, e nos cativa quase que instantaneamente. Ao longo da projeção acompanhamos o desenrolar desta improvável amizade, suas alegrias, frustrações e lições, e como ela muda o mundo dos protagonistas. Até mesmo o cinzento mundo de Max ganha alguns tons quentes do marrom de Mary. Ela cresce. E as mudanças em sua vida afetam o mundo de Max.

Senti que o filme perdeu um pouco o excelente ritmo no final, quando surge a sensação de que algo está se arrastando sem necessidade, mas essa quebra não é suficiente para comprometer a excelente qualidade da história.

Quero chamar a atenção para a tocante narração em off, a dublagem fantástica do Phillip Seymour Hoffman dando vida ao Max, à animação linda e delicada em claymation (ou bonecos de massinha) e às inúmeras referências sutis a várias coisas durante o filme.

Sem nenhuma hesitação posso dizer que Mary and Max se tornou um dos meus filmes preferidos.

Frase do filme: (Difícil escolher, entre tantas absolutamente geniais). “Não aconteceu muita coisa desde a última vez que escrevi, exceto eu ter sido acusado de assassinato, ter ganhado na loteria e a morte de Ivy”.

Para ver: Em casa, confortavelmente, ao lado de alguém com quem você gostaria de passar toda a sua vida.

SPOILER

Além de todas as suas inúmeras qualidades, Mary and Max ainda cumpre um papel importante na desmistificação do autismo e na inserção daqueles que sofrem do transtorno ao nos mostrar que na verdade Max não é uma pessoa estranha à toa. Ele é portador da síndrome de Asperger, uma forma de autismo na qual os pacientes conseguem ser minimamente funcionais, apesar de desprovidos da capacidade de se relacionar emocionalmente com os outros de forma saudável.



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