domingo, 19 de setembro de 2010

No Tempo das Diligências


No Tempo das Diligências (Stagecoach, EUA, 1939). Direção de John Ford. Com Claire Trevor, John Wayne, John Carradine, Thomas Mitchell, Louise Platt, George Bancroft, Andy Devine, Tim Holt, Donald Meek, Berton Churchill, Tom Tyler.


Renato Cordeiro

Li em algum lugar que há uma associação direta entre os filmes de mortos-vivos e o clássico do faroeste No Tempo das Diligências. A afirmação faz todo o sentido. A subcategoria dos filmes de horror, que tem no cineasta George Romero o principal representante, quase sempre trabalha com a situação em que indivíduos diversos - e por vezes antagônicos - precisam se unir para sobreviver às ameaças externas. O deslocamento, apesar de necessário, sempre envolve risco a todos os integrantes do grupo, que por vezes precisam conviver em algum espaço reduzido, como uma casa abandonada. A fórmula está presente desde o seminal A Noite dos Mortos-Vivos, de 1968. Mas quase 30 anos antes, o western de John Ford já havia apresentado a mesma estrutura narrativa.

O longa acompanha os passageiros de uma diligência pelo Arizona, uma viagem perigosa por causa do risco de ataque do lendário índio Gerônimo. Entre os diversos arquétipos a bordo da carruagem, são os párias que tem maior destaque, a exemplo da prostituta, o pistoleiro, o jogador e o médico alcóolatra. Os quatro destilam atos nobres no desenrolar da trama, enquanto o banqueiro é um covarde desconfiado. Os apaches, retratados muito antes dos faroestes revisionistas, são encarados como selvagens, de forma sempre justificada.

O clássico se impõe ainda hoje como boa diversão e apresenta elementos importantes das técnicas de direção, como o uso do foco na famosa apresentação do personagem de John Wayne, e a câmera em lugares inusitados, como na ótima cena em que a diligência tem de cruzar um rio. O epílogo, um pouco longo demais, não compromete o bom trabalho.

Nota: 7,0 (de dez)




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