terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um Ano Sem Patrick Swayze


Renato Cordeiro

Há um ano atrás Patrick Swayze, astro de sucessos como Dirty Dancing, Ghost e Caçadores de Emoção, perdeu uma luta de dois anos contra o câncer. Pra falar a verdade, sempre torci o nariz pra esse tipo de frase, fulano perdeu a batalha contra o câncer... É como dizer que Patrick Swayze se deu mal em uma briga contra 15 lutadores faixas pretas. Ser derrotado em uma luta nestas condições está longe de ser desonroso, ao contrário do que a frase sugere. Se há mérito, está na forma como se lida com a doença, mesmo que o final da história não seja feliz.

Swayze teve câncer de pâncreas, um tipo muito grave deste mal. A luta que travou foi muito penosa. Em certo momento, chegou a ser anunciado que ele tinha conseguido se curar. Meses depois, veio a notícia de que o problema havia retornado. Imagine o efeito psicológico. Pior, imagine ter de contradizer um jornal que chegou a anunciar que o ator havia morrido. Pois é, o Senhor Swayze foi dado como morto muito antes de que o fato se concretizasse e teve, ele mesmo, que desmentir a informação.

Por outro lado, ao longo da batalha, não faltaram demonstrações de solidariedade. Deve ter sido um conforto ver a internet cheia de mensagens de lamentos e incentivos, uma compaixão espontânea que, suspeito, foi amplificada pela maneira aberta como o astro falava do assunto. Não que tivesse de fazer isso, seria direito dele se resguardar. E talvez fosse até melhor, dada a maneira desumana como os tablóides e revistas sobre a vida alheia tratavam desumanamente o drama do ator. Mas ele preferiu não fazer isso e deixou explícita não apenas a doença, mas também uma certa dignidade.



A filmografia de Swayze tem muita coisa abaixo da linha da mediocridade, verdade seja dita. O ator ficou sem bons papéis por longos períodos, e apenas de vez em quando voltava com um arrasa-quarteirão. Isso foi se tornando menos frequente ao final da carreira. Um dos primeiros papéis de destaque foi um drama sob a batuta de Francis Ford Copolla, Vidas Sem Rumo, de 1983. Além de Patrick, estavam no elenco C. Thomas Howell (A Morte Pede Carona), Ralph Macchio (Karatê Kid), Matt Dillon (O Selvagem da Motocicleta), Emilio Estevez (Jovem Demais para Morrer), Rob Lowe (Sobre Ontem à Noite) e o astro Tom Cruise, em pequeno papel.

Um ano depois, foi lançado Amanhecer Violento, a história de um grupo de estudantes armados que tenta resistir a uma invasão de comunistas comedores de criancinhas em solo americano. Sem comentários. Aliás, tem um que vale a pena fazer: aqui ele contracenou com Jennifer Grey, com quem estourou no romance teen Dirty Dancing. As cenas de dança entraram para a história e Swayze teve espaço até para dar uma canja na trilha sonora.




O começo dos anos 90 foram generosos para o astro. De cara, o sucesso absoluto com Ghost - Do Outro Lado da Vida, romance dramático em que interpreta um fantasma que busca consolar e proteger a viúva. Logo depois, emendou o bacaníssmo Caçadores de Emoção, agora na pele do líder de uma quadrilha de assaltantes de bancos que se amarra em esportes radicais. O trabalho, eletrizante, é um dos poucos da cineasta Kathryn Bigelow, a mesma que venceu o Oscar recentemente com Guerra ao Terror.




Daí em diante, a carreira de Patrick Swayze não teve mais grandes sucessos de bilheteria. Os trabalhos mais dignos de nota incluem uma drag queen na comédia Para Wong Foo, Obrigado Por Tudo - Julie Newmar, de 1995, e um curioso papel coadjuvante no cultuado Donnie Darko, de 2001. E em vez de tentar se dissociar do personagem que arrebatou corações em 1987, ele não apenas participou de uma continuação de Dirty Dancing, com um pequeno papel, como ainda divulgou o DVD de vinte anos do longa em um programa da Oprah. Swayze Pode não ter sido o maior ator de sua geração, mas convenhamos, ele parecia ser um cara legal. Apesar de atirar em comunistas na juventude.







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