quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Caçada Humana


Caçada Humana (The Chase, EUA, 1966). Direção de Arthur Penn. Com Marlon Brando, Jane Fonda, Robert Redford, E.G. Marshall, Angie Dickinson, Robert Duvall.


Renato Cordeiro

Os últimos dias de setembro de 2010 foram terríveis para o cinema. Em um espaço de cinco dias, sairam de cena a atriz Gloria Stuart, o ator Tony Curtis e o diretor Arthur Penn. Vi poucos filmes deste último e resolvi escrever sobre o que mais gostei, um clássico modesto chamado Caçada Humana. O trabalho de 1966 não foi bem de bilheterias, não ganhou Oscar, nem consta no livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer - acabei de conferir meu exemplar. Mas tem seus méritos, a começar pelo elenco de peso, com Marlon Brando, Jane Fonda, Robert Duvall e um estreante Robert Redford.

Na trama, Brando é Calder, um homem que carrega o fardo de ser xerife de uma cidadezinha habitada por pessoas que se dividem entre as medíocres e as execráveis. Entre as exceções que confirmam a regra está Bubber, um jovem injustamente acusado de assassinato, interpretado por Redford. Ele foge da prisão e deixa em polvorosa o município que vive a expectativa de que o suposto criminoso voltará à terra natal. Enquanto o tempo passa, os cidadãos revelam que a repulsa que causam no xerife tem sua razão de ser.

Analisando o filme hoje, lembra uma mistura de Cop Land, de James Mangold, e Dogville, de Von Trier. Do primeiro, há uma narrativa que se dedica a um grande número de personagens ligados por segredos e paixões que têm em seu xerife um espectador privilegiado, ainda que relutante. Do segundo, Caçada Humana reserva um pouco do clima de mau-caratismo endêmico que leva a momentos impactantes, que talvez expliquem o relativo fracasso do filme. Um exemplo é aquele em que o personagem de Marlon Brando é espancado. Filmada sem qualquer requinte, a longa cena esbanja um realismo do qual o cineasta Arthur Penn era bem afeito.

Nota: 7,0 (de dez)










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