segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Exterminador do Futuro: A Salvação


O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation: The Future Begins, EUA, 2008) Direção de McG. Com Christian Bale, Sam Worthington, Anton Yelchin, Moon Bloodgood, Common, Bryce Dallas Howard, Helena Bonham Carter, Josh Brolin, Roland Kickinger, John Trejo, Chris Ashworth, Alan D. Purwin.


Renato Cordeiro

McG é um daqueles diretores que tentam valorizar o material que tem em mãos, por pior que seja. Mesmo no criticado As Panteras 2: Detonando, ele fez um bom trabalho, do ponto de vista dos enquadramentos, do tempo que é dado a cada cena, a cada gesto, do modo como ele dirige nossa atenção e orquestra outros elementos do fazer cinema. Em Exterminador do Futuro: A Salvação, o cineasta até se deu ao luxo de ousar em algumas tomadas, como um planossequência com Christian Bale que faz lembrar certos momentos de Filhos da Esperança. O que há de lamentável no filme, e que o estraga para além do suportável, é o roteiro.

Os dois primeiros longas da série, assinados por James Cameron, apresentavam uma mitologia rica, que começou a ser mutilada no terceiro capítulo, de Jonathan Mostow. O próprio Cameron recusou comandar A Rebelião das Máquinas e a série passou a ser expandida só por causa dos produtores. Para tornar a experiência mais fácil, alguns elementos que remontam aos primeiros filmes foram relembrados, como a cicatriz no rosto do protagonista e a canção You Could Be Mine, dos Guns N' Roses, tema do filme de 93. Mas tudo em Salvação se dispersa em uma narrativa morna.

John Connor, aqui interpretado por Christian Bale, era alguém que o público conhecia desde 1984: o homem que carregaria o fardo de liderar a humanidade contra máquinas assassinas autoconscientes, e que desde criança teria de se preparar para isso. Imagine o dilema de mandar ao passado o próprio pai, Kyle Reese, que morrerá para proteger a mãe de Connor de um ciborgue enviado para acabar com o líder da resistência antes mesmo que ele nasça. Neste quarto filme, o papel se inverte, e é Connor quem precisa salvar o pai, um adolescente vivido por Anton Yelchin. O laço de paternidade entre dois homens que ainda não se conhecem é interessante, quase uma via de mão dupla, mas é tratado com desleixo pelos roteiristas. Além disso, Connor é apenas um sujeito mau-humorado que em nenhum momento cativa o espectador, que acaba se afeiçoando muito mais ao carismático personagem de Sam Worthington, Marcus, que se torna aliado do herói, mas esconde um segredo que ele próprio desconhece.


Paralelamente à ação initerrupta, há gritantes furos de roteiro que levam a pensar até que ponto as máquinas são mesmo ameaçadoras. Sinal irritante disso é a clássica e insistente manobra dos ciborgues de arremessar os mocinhos de um lado para outro quando poderiam simplesmente atravessar o peito das vítimas com as próprias mãos. Ou então, o fato absolutamente ilógico de não matar o jovem Kyle Reese em vários momentos perfeitamente oportunos. E o que dizer do intragável e constrangedor ato final, quando as máquinas fazem a mais burra e recorrente mancada da vilania humana, de contar o plano maligno?

Nota: 5,0 (de dez)










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