sábado, 13 de agosto de 2011

Sem Lei, Sem Alma


Sem Lei, Sem Alma (Gunfight at O.K. Corrall, EUA, 1957) Direção de John Sturges. Com Burt Lancaster, Kirk Douglas, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet, John Ireland, Lyle Bettger, Frank Faylen, Earl Holliman, Ted de Corsia, Dennis Hopper, DeForest Kelley.


Renato Cordeiro

Três anos antes de comandar uma referência para o western, Sete Homens e Um Destino, o diretor John Sturges lançava um dos muitos filmes dedicados aos lendários Wyatt Earp e "Doc" Holliday. O longametragem é um daqueles que não envelhecem bem, é um tanto datado, até pelo que se percebe das escolhas do roteiro. Trata-se de um faroeste limpo demais quando se considera os acontecimentos e personagens verídicos retratados no celulóide.

Ao contrário de produções como Tombstone - A Justiça Está Chegando e Wyatt Earp, o longametragem de Sturges tem a trama desenvolvida a partir do início da amizade entre o xerife e o dentista pistoleiro. Outra diferença está nas caracterizações. Em momento nenhum é citado o fato de que Wyatt Earp era um homem casado, o que certamente evita que o público rejeite o romance do personagem de Burt Lancaster com uma atriz que chega a Tombstone. Holliday, vivido por Kirk Douglas, é apresentado também de forma mais saneada, apesar de ainda ser alguém claramente autodestrutivo.
A turbulenta relação com a companheira, Kate Fisher, recebe tratamento mais amenizado, sendo pontuada por momentos em que os dois são torturados pela consciência das próprias naturezas e ações. Os efeitos da tuberculose de "Doc" também são aliviados, se tornando mais visíveis apenas na segunda metade do longa.

A ordem de alguns acontecimentos costurados pelo roteiro difere em relação à história original, a exemplo do assassinato de um dos parentes do xerife. Mas a alteração mais importante se dá no clímax do filme, o famoso tiroteio de O. K. Corrall. Se na vida real a lendária troca de tiros entre os Earp e os integrantes da famigerada família Clanton não chegou a um minuto de duração, aqui a peleja é consideravelmente estendida. Falando nas famílias, destaque para os papéis interpretados pelos jovens Dennis Hopper, de Sem Destino, e DeForest Kelley, de Jornada Nas Estrelas.

A falta de correspondência com a história real em que se baseia não é necessariamente uma coisa ruim para filme algum, mas no caso de
Sem Lei, Sem Alma o espectador não tem muito mais o que procurar. Sturges pode ser um cineasta consagrado, mas aqui fez um western menor, rodando sequências que parecem demonstrar um desinteresse pelas situações em curso, a exemplo do próprio confronto que serve de título original do longa, que não empolga. Outro flagrante está no final do longametragem, que parece algo apressado e frio demais com os personagens em cena.

Nota: 5,0 (de dez)










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